Reforço no embargo divide cubanos em Miami

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Por Agencia Estado
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A adoção de novas regras que reforçam o embargo americano a Cuba, que entraram em vigor nesta quarta-feira, dividiu a comunidade cubana de Miami - uma cidade em que os imigrantes do país são tão numerosos que há até um bairro chamado Pequena Havana. Segundo o Departamento de Estado, as medidas adotadas - entre elas maiores restrições ao envio de dinheiro e encomendas e às viagens à ilha - visam pressionar o governo de Fidel Castro a adotar reformas democratizantes. Mas, para vários líderes cubano-americanos, algumas das medidas prejudicam mais os membros da comunidade do que o regime castrista. "(O pacote de medidas) Impede que as famílias possam ficar em contato, que é um dos direitos universais que todos defendemos. Há alternativas para castigar o regime", disse Ramón Saúl Sánchez, um dos líderes do Movimento pela Democracia Cubana, uma organização de dissidentes de Miami. Sacrifício As novas medidas começaram a ser sentidas já na terça-feira, quando muitos cubanos que foram enviar mercadorias a seus familiares usando serviços de agências em Pequena Havana não conseguiram fazê-lo. Também alguns vôos que estavam partindo rumo a Havana não receberam autorização do governo americano para partir, provocando protestos no aeroporto da cidade. Raúl Sánchez disse que o governo americano deveria se preocupar com o fato de o regime cubano tirar proveito de empresas baseadas nos Estados Unidos, que estariam ajudando a perpetuar a ditadura. "Não há uma justificativa para que um cubano que está aqui não possa mais enviar um sabonete à sua família, e uma indústria americana venda a Cuba o papel com o qual é impresso o jornal estatal Granma", disse ele. Sylvia Irriondo, da organização Mães contra a Repressão, vê com mais simpatia as medidas do governo Bush. "A maioria da comunidade cubana está disposta a fazer esse sacrifício com o objetivo de acabar, de uma vez e para sempre, com o sistema que é responsável pela tragédia cubana.", disse. Má-fé Sylvia, no entanto, acha que é preciso fazer uma distinção entre as pessoas que realmente precisam viajar a Cuba ou enviar dinheiro e mercadorias ao país por razões humanitárias e outros que estariam tirando proveito dessa possibilidade. Segundo ela, há pessoas que viajam "cinco, seis, sete vezes a Cuba, ilegalmente, levando dinheiro e dando recursos ao regime castrista". Uma das mudanças que passou a vigorar nesta quarta-feira é que, agora, os cubano-americanos que quiserem visitar a ilha só poderão fazê-lo uma vez a cada três anos, e só por um período de, no máximo, 14 dias. Os supostos "abusos" de alguns cubano-americanos são um dos argumentos que sustentam o apoio às medidas no seio da comunidade em Miami. Andrés González, um ex-prisioneiro político cubano que está em Miami há 18 anos, apoia com grande entusiasmo as medidas, dizendo que não acredita na boa-fé das pessoas que reclamam o direito de ir a Cuba. "As pessoas que dizem que têm familiares em Cuba (...), por que não ficaram em Cuba? Por que não pensaram antes de vir para cá?", questionou. "Tudo isso é conveniência das agências de viagem e negócios que o governo cubano tem aqui nos Estados Unidos, e agora eles vão sentir isso no bolso." include $DOCUMENT_ROOT."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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