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Refugiada afegã refaz vida na Grécia transformando botes em bolsas

Fariba Amini, que deixou o Afeganistão por causa da guerra, usa pedaços de borracha para suas produções

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Por Redação
Atualização:

ATENAS  - Debruçada sobre uma máquina de costura, Fariba Amini alinhava sua criação mais recente usando o mais improvável dos materiais: um pedaço de um bote de borracha descartado, como aquele que levou ela e milhares de outros refugiados à Grécia.

Fariba Amini, refugiada afegã, trabalha em suas bolsas em Atenas Foto: REUTERS/Alkis Konstantinidis

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A afegã fugiu para a Grécia em 2016 sem documentos e com poucas perspectivas. Hoje ela fabrica e vende bolsas e bijuterias com o símbolo mais contundente da crise de refugiados da Europa: os botes e coletes salva-vidas antes espalhados pelas praias gregas.

 “As bolsas me lembram de como cheguei aqui, e os braceletes me lembram dos meus dias no campo, aquele tempo difícil”, conta Fariba, de 31 anos, acima do ruído da máquina, com uma fita métrica ao redor do pescoço.

“Quando comecei a trabalhar nas minhas costuras, elas foram um bálsamo para a minha alma. Elas me trouxeram paz.”

O porão do estúdio despojado no centro de Atenas que ela divide com outras estilistas postulantes a asilo está repleto de restos pretos e cinza de botes infláveis, coletes salva-vidas vermelhos e pilhas de tiras.

Bolsas feitas por Fariba Amini com restos de botes de borracha Foto: REUTERS/Alkis Konstantinidis

A parede laranja do estúdio é decorada com muitas de suas criações, como mochilas pretas, pastas e bolsas. Braceletes feitos com filetes coloridos estão expostos em uma mesa.

“Considerando que eu mesma vim de bote, sinto-me muito bem”, disse Fariba. “Quero mostrar a outros que estão vindo como imigrantes que podem fazer uso até das coisas mais comuns.”

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Fariba e sua família foram forçados a deixar o Afeganistão quando ela tinha 5 anos depois que seu irmão morreu na guerra civil. No Irã, onde moraram durante duas décadas, as autoridades os proibiram de estudar ou trabalhar, disse.

 Em 2016, eles partiram em uma jornada marítima curta, mas perigosa, da Turquia para a Grécia e foram parar em um campo improvisado insalubre no antigo aeroporto de Atenas, onde milhares viviam em barracas no terminal de chegada, com pouca comida e violência frequente.

Para sobreviver, Fariba aprendeu sozinha a criar peças sofisticadas vendo vídeos no YouTube – e logo as estava vendendo em bazares e para amigos.

Seus pais e sua irmã se mudaram para a Alemanha, mas Fariba, que recebeu status de refugiada na Grécia, ficou na esperança de fazer seu negócio incipiente decolar. / REUTERS

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