21 de outubro de 2010 | 00h00
Professor de relações internacionais da Universidade Católica Argentina (UCA) e especialista em jornalismo argentino, Jorge Liotti considera que a defesa da "nacionalização" da mídia, feita na terça-feira pela presidente Cristina Kirchner, é mais uma demonstração de que a Casa Rosada busca cercear a atuação dos meios. A ofensiva, porém, estaria restrita à imprensa que se mantém crítica ao governo.
"As declarações da presidente atestam sua permanente vontade de que os meios de comunicação tenham "consciência nacional" - em linguagem kirchnerista, isso significa "que apoiem o governo"", disse Liotti em entrevista ao Estado.
No discurso de terça-feira, afirma o analista, "escapou do inconsciente" de Cristina suas pretensões com a imprensa argentina. Mas Liotti não acredita que a Casa Rosada tenha vontade - e capital político - para tentar desapropriar jornais. Esse passo seria "impensável".
"Não estamos diante do início de um processo de estatizações forçadas de meios de comunicação. O casal Kirchner já está pressionando a imprensa por outras vias, como a Lei de Mídia e o projeto de lei para limitar a presença do Clarín e do La Nación na empresa Papel Prensa."
A ameaça de "nacionalizar sem estatizar" jornais que não endossam o governo kirchnerista, portanto, seria apenas um recurso retórico da presidente.
Liotti considera que o governo pressionará os meios de comunicação por intermédio da Lei de Mídia e o projeto da Papel Prensa. "Nesse contexto, o governo favorecerá empresários amigos para que comprem veículos de comunicação."
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