09 de dezembro de 2010 | 17h00
Polícia intefere em manifestação; violência se elevou em alguns locais.
LONDRES - O Parlamento britânico aprovou nesta quinta-feira, 9, os polêmicos planos do governo de aumentar os custos da educação universitária na Inglaterra. No total, 323 parlamentares votaram a favor da proposta e 302, contra.
O número indica que pelo menos 30 integrantes da coalizão governista, composta pelos partidos Conservador e Liberal Democrata, votaram contra os planos.
Pelo projeto, o piso das anuidades dos empréstimos em universidades inglesas passaria de 3.290 libras (R$ 8,9 mil) para 6 mil libras, e algumas universidades poderiam cobrar até 9 mil libras em "circunstâncias excepcionais" - se oferecem, por exemplo, bolsas e programas que incentivassem estudantes mais pobres a cursá-las.
O empréstimo poderá ser quitado quando o estudante estiver ganhando um salário anual a partir de 21 mil libras.
Antes da votação, o vice-premiê, Nick Clegg, disse que os contrários aos planos seriam "sonhadores" e é justo pedir para que os estudantes paguem mais em um momento de corte de gastos públicos.
Protestos
Ocorreram vários protestos contra a proposta, pacíficos e violentos, pelo país nesta quinta-feira. No centro de Londres, milhares de manifestantes se reuniram nos arredores do Parlamento britânico, onde foi debatido o projeto.
Parte do grupo chegou a lançar objetos contra os policiais, que revidaram com golpes de cassetete. Segundo a polícia, 13 manifestantes e quatro policiais ficaram feridos.
Simultaneamente, outras universidades britânicas organizaram protestos e vigílias em reação à votação. A votação ocorreu após semanas de divisões políticas e protestos estudantis.
O presidente da União Nacional de Estudantes, Aaron Porter, disse que as alterações nas cobranças encarecerão as universidades britânicas e que seus empréstimos serão um fardo de duração mais longa para os estudantes, mesmo quando já tiverem dinheiro para pagá-los.
Dentro do Parlamento, o ministro de Negócios, Vince Cable, disse aos parlamentares que as novas taxas são justas e que manterão a qualidade do ensino universitário, ao mesmo tempo em que "combaterão o déficit fiscal e proverão um sistema mais progressivo de contribuições graduais baseadas na habilidade das pessoas em pagar (os empréstimos)".
As manifestações universitárias têm sido recorrentes desde que o projeto foi apresentado, no início de novembro, em meio a planos governamentais de cortar em até 40% o orçamento para a educação superior.
O aumento nas taxas de empréstimos universitários valerá exclusivamente para os estudantes na Inglaterra. Estudantes galeses não pagarão taxas mais altas.
Na Escócia, não há empréstimos estudantis, e a Irlanda do Norte ainda não definiu como responderá aos aumentos nas taxas, caso estes sejam aprovados em Londres.
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