Reino Unido avança em preparativos para casamento real

Em meio a dificuldades econômicas, país se prepara para outras comemorações da monarquia

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Atualização:

Casal optou por cerimônia menos opulenta.

 

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LONDRES - Os britânicos iniciam nesta quarta-feira, 19, uma contagem regressiva para um dos mais importantes eventos da monarquia do país nas últimas décadas. Cem dias antes do casamento entre o príncipe William, neto da rainha Elizabeth 2º, e Kate Middleton, os preparativos para a cerimônia avançam, em meio às dificuldades econômicas vividas pelo Reino Unido desde a crise financeira internacional. O ano de 2011 será ainda marcado por outras comemorações na família real. Além do casamento do jovem casal, em 29 de abril, haverá dois aniversários importantes: o de 85 anos da rainha Elizabeth, em abril, e o de 90 de seu marido, o príncipe Philip, em junho. Os próximos meses também verão o filme O Discurso do Rei, baseado no pai de Elizabeth, o rei George 6º, e forte pré-candidato ao Oscar, preparando o terreno para as comemorações dos 60 anos do reinado da atual monarca, no ano que vem. Celebração histórica A expectativa no país é de que a união do segundo na linha de sucessão ao trono britânico seja a maior celebração da família real - e de certa forma, dos súditos - em vários anos. Há forte especulação sobre quem será responsável pelo vestido da noiva e sobre outros aspectos do dia, além de incontáveis oportunidades de negócios para fabricantes de souvenires e para a indústria do turismo em Londres. Espera-se também um ótimo fim de semana para lojas do país inteiro, já que se estima que muitos britânicos usem o feriado extra do dia do casamento - decretado pelo primeiro-ministro David Cameron - como uma razão para fazer sua própria celebração. No entanto, funcionários dos palácios de Buckingham e St. James encarregados de organizar o casamento estão levando em consideração as circunstâncias econômicas do país, que tenta manter um bom nível de crescimento após uma das mais longas recessões da sua história. De acordo com eles, o casamento de William e Kate seguirá mais o modelo da cerimônia dos avós de William, que se casaram numa época de dificuldades, do que o dos pais do príncipe. No Reino Unido pós-Segunda Guerra de 1947, o casamento da então princesa Elizabeth com o duque de Edimburgo foi um momento de celebração nacional. Mas, apesar de a ocasião ser grandiosa, o evento foi organizado dentro da atmosfera de austeridade de um país que lutava para se recuperar do impacto devastador do conflito. Em contraste, o casamento do príncipe Charles com a então Lady Diana Spencer, em 1981, foi luxuoso, realizado deliberadamente na Catedral de Saint Paul, para que o maior número de pessoas possível pudesse se posicionar nas ruas do centro de Londres ou participar da cerimônia em si. Ao escolher a Abadia de Westminster em vez da Catedral de Saint Paul para seu casamento, William e Kate deliberadamente optaram por uma cerimônia em uma escala menor e mais íntima. O caminho entre o palácio e a abadia será mais curto, a congregação, menor, e, é claro, o custo do casamento - como o palácio vem tentando penosamente comprovar -, com segurança, manejo do tráfego, e outras atribulações, será pago pelas famílias do noivo e da noiva. "Será feito de forma adequada, mas não de uma maneira opulenta e luxuosa", disse um dos organizadores. Festa Algumas pistas sobre como eles tentarão equilibrar as coisas já foram dadas. Sabe-se que Kate irá para a abadia de carro e não de carruagem. Após a cerimônia, já como marido e mulher, eles voltarão ao Palácio de Buckingham em uma carruagem escoltada pela cavalaria, vestida adequadamente para a cerimônia. Mas uma vez que cheguem ao palácio, haverá uma recepção com bufê, em vez de um banquete real de casamento completo. Haverá, é claro, a aparição do casal na sacada do palácio, no que será quase com certeza a imagem mais simbólica do dia. O casal não partirá, entretanto, imediatamente para a lua-de-mel. Continuarão no palácio para um "jantar dançante" promovido pelo pai de William, para a família e os amigos mais próximos do casal, que se conhece há oito anos, desde que se encontraram na Universidade de St. Andrews. O anúncio de seu noivado, no dia 16 de novembro do ano passado, pegou a mídia de surpresa. Mas há poucas dúvidas de que dentro da família real já se sabia, desde o começo de 2010, que o noivado seria anunciado naquela época, e que o casamento seria marcado para a primavera (no Hemisfério Norte) de 2011. Certamente não foi algo espontâneo ou inesperado, como Kate tentou fazer parecer na entrevista oficial de anúncio do noivado. Dentro da família de William, o fato de que os dois ficariam noivos já era sabido há meses. Casal dourado Com discrição, William, Kate e seus assessores estão cuidando dos preparativos. Eles sabem do apetite de milhões de pessoas, na Grã-Bretanha e no exterior, por testemunhar um casamento grandioso, e por dividir o "brilho romântico" de um jovem casal trocando votos entre si. Mas apesar do fato de que o casamento inevitavelmente será transmitido para audiências em todo o mundo, suspeita-se que William, e em particular, Kate, insistam que esse seja seu dia, sem uma grandiosidade desnecessária. Os sinais são de que eles parecem desejar uma cerimônia íntima, após a qual possam voltar, dentro do possível, para uma vida sem muitas expectativas irreais de que o casamento seja o início de uma vida sob os holofotes do público, como novo casal dourado da monarquia. E isso é precisamente o que eles serão, e eles sabem disso, mas William tem ao menos três anos a mais para servir como piloto de busca e resgate da Força Aérea Real britânica. E quanto à sua esposa, muito provavelmente ela vai querer se concentrar na vida doméstica do casal. E, quem sabe, ela dará à rainha outro neto para marcar o Jubileu de Diamante em 2012.

 

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