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Reino Unido deve apresentar texto para autorizar guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

A Grã-Bretanha poderia levar uma nova resolução ao Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas para autorizar o uso da força contra o Iraque, apesar da oposição manifestada pela Rússia, França e China, três dos membros permanentes dedo CS, e que possuem o direito de veto. O documento não traria o termo "uso da força". Em vez disso, estabeleceria que qualquer país pode usar os meios necessários para atingir o desarmamento (como na resolução para expulsar as tropas iraquianas do Kuwait, em 1990) ou determinaria que o país está "em violação flagrante" das determinações da ONU - um código diplomático para autorizar a guerra. Um diplomata britânico que falou sob anonimato disse, na quinta-feira, que o texto só seria apresentado depois do segundo informe dos chefes dos inspetores de armas da ONU, marcado para sexta-feira. Outros detalhes da resolução teriam de ser negociados - explicou a fonte -, entre os quais os termos do ultimato e o prazo para o regime de Saddam Hussein eliminar seus programas de armas químicas, biológicas e nucleares. Um funcionário americano na ONU assinalou que, se for estabelecido um período para Saddam cumprir as exigências, "ele terá de ser curto". Segundo fontes, a administração Bush espera ver todas as bases legais para um ataque finalizadas antes de meados de março (analistas militares observam que, depois de fins de março, o forte calor na região do Golfo Pérsico prejudicaria as tropas americanas). A Casa Branca também não estaria disposta a dar um ultimato de mais de 48 horas. A Grã-Bretanha é o aliado mais estreito dos Estados Unidos, mas a maioria dos demais 13 membros do CS defende a concessão de mais tempo para os inspetores da ONU concluírem suas tarefas. Essa posição não foi alterada pelo pronunciamento em que o secretário americano de Estado, Colin Powell, expôs na quarta-feira supostas provas de que o regime iraquiano mantém um programa de armas de extermínio e estoque de produtos químicos, como o VX e o antraz, entre outros agentes mortíferos. O discurso do presidente George W. Bush, no dia seguinte - concordando com uma segunda resolução e ao mesmo tempo dando um ultimato ao CS, frisando que "o jogo acabou" - também não parece ter alterado a posição da França, Rússia e China. "Nós não vemos, hoje, nenhum motivo para aprovar uma resolução da ONU que iria considerar a possibilidade ou abrir caminho para o uso da força contra o Iraque", disse hoje o chanceler russo, Igor Ivanov, em Moscou. "Nós sempre deixamos claro que o uso da força é uma medida extrema que envolveria graves conseqüências para o país e graves conseqüências internacionais. E só poderia ser adotada em situações extremas." Horas depois, ele comentou com repórteres que uma ação unilateral americana seria um golpe para as instituições internacionais e a autoridade da ONU, além de dividir a coalizão antiterrorismo. A Alemanha - país que atualmente preside o CS - reagiu ao chamado de Bush com um comunicado em que assinala não considerar necessária, "por ora", uma segunda resolução. "O governo alemão quer que os inspetores continuem seu trabalho", disse o porta-voz Hans-Hermann Langguth.

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