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Reino Unido nega influência sobre lei do petróleo iraquiana

Texto prevê que lucros da exploração do petróleo serão divididos entre as 18 províncias do Iraque, mas o controle será dado às multinacionais estrangeiras

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo britânico negou ter participado ou influenciado na redação da nova lei do petróleo do Iraque, atualmente em discussão parlamentar, segundo um programa do canal inglês da Al Jazeera que será exibido nesta sexta-feira, 9. No programa, o secretário de Estado do Ministério de Relações Exteriores, Kim Howells, desmente as afirmações de que seu país revisou o projeto legislativo. O texto prevê que os lucros da exploração do petróleo serão divididos entre as 18 províncias do Iraque, mas, segundo os críticos, dará o controle às multinacionais estrangeiras. Howells chamou de "paranóia" a acusação de intervenção do Governo britânico. Mas defendeu o papel de seu Ministério, ao promover reuniões entre funcionários iraquianos e dirigentes de empresas petrolíferas ocidentais. No programa "Iraque: misturando sangue e petróleo", o secretário considera "uma mentira vergonhosa" insinuar que o Reino Unido não se preocupa com o bem-estar da população do Iraque. Greg Muttitt, investigador do grupo Platform, que luta pela justiça social e ambiental, afirma que, graças à lei de liberdade de informação do Reino Unido, obteve documentos que provam que "diplomatas britânicos revisaram minutas do projeto de lei, fazendo comentários e tentando exercer sua influência". O jornal londrino The Independent informou em janeiro que a nova lei iraquiana permitirá que várias empresas americanas e britânicas fiquem com a maior parte da riqueza petrolífera do Iraque. O governo dos Estados Unidos, acrescentou, teria participado diretamente da elaboração do texto. A lei concede a grandes grupos como British Petroleum, Shell e Exxon contratos de 30 anos para extrair petróleo iraquiano. Além disso, permite a primeira operação de empresas ocidentais em grande escala desde a nacionalização dos recursos, em 1972, de acordo com o Independent. Executivos e analistas do setor afirmaram no entanto que a lei, que ofereceria às companhias até 75% dos lucros nos primeiros anos, é a única forma de o Iraque recuperar a sua indústria petrolífera, após anos de sanções e de guerra. No documentário da Al Jazeera, o ex-dirigente do setor petrolífero iraquiano Issam al-Chalabi diz que o projeto de lei é "ambíguo e confuso" e será "muito difícil de aplicar".

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