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Reino Unido pede que Líbia não celebre libertação de terrorista de Lockerbie

Abdelbasset Ali al-Megrahi sofre de câncer terminal de próstata e foi solto pelo governo escocês

Atualização:

LONDRES - O governo britânico pediu à Líbia que não comemore o primeiro aniversário da libertação do responsável por planejar o atentado de Lockerbie, Abdelbasset Ali al-Megrahi, nesta sexta-feira. Al-Megrahi, que sofre de câncer terminal de próstata, foi libertado pelas autoridades escocesas no ano passado por razões humanitárias, depois que médicos concordaram que a expectativa de vida que ele tinha (de apenas três meses) era "razoável". Na ocasião, al-Megrahi foi recebido como herói em Trípoli. O Ministério do Exterior britânico lembrou à Líbia que a repetição de cenas semelhantes no primeiro aniversário de sua libertação poderiam ser ofensivas aos parentes das 270 pessoas que morreram no atentado, em 1988 que explodiu em pleno ar um Boeing 747 da empresa americana Pan Am.  Senadores americanos também pediram informações sobre as avaliações médicas usadas como base para a libertação. Al-Megrahi foi responsável pelo atentado contra o avião da Pan Am que seguia de Londres para Nova York e explodiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, causando a morte de todas as 259 pessoas a bordo, além de 11 pessoas no solo. Críticas A decisão do ministro da Justiça escocês Kenny MacAskill de libertar o extremista, preso em 2001, despertou várias críticas, de parentes das vítimas da explosão e também por patrte de políticos de oposição. O presidente americano Barack Obama disse que a decisão foi "um erro", e o primeiro-ministro britânico David Cameron - líder da oposição britânica um ano atrás - também questionou a libertação. Em um comunicado antes do aniversário da libertação de al-Megrahi, um porta-voz do Ministério do Exterior britânico afirmou: "Para o governo está claro que a libertação de al-Megrahi foi um erro". "Tanto o atual primeiro-ministro como o ministro do Exterior deixaram isso claro na época. Especialmente neste aniversário declaramos que compreendemos a angústia que a libertação de al-Megrahi tem causado àqueles que foram vítimas (pelo atentado), tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos. Ele foi condenado pelo pior ato de terrorismo já cometido na história britânica", disse a fonte. Quatro senadores americanos pediram uma investigação independente sobre a libertação de al-Megrahi. 'Boa fé' Em cartas endereçadas ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, e ao chefe do governo da Escócia, Alex Salmond, os senadores reiteraram o que chamam de "persistente incerteza sobre as questões médicas, legais e diplomáticas relacionadas" à libertação. Segundo o correspondente da BBC Matthew Price, eles querem "mais informações sobre as opiniões médicas que levaram à conclusão de que al-Megrahi tinha apenas três meses de vida, como também detalhes das comunicações entre a empresa petrolífera BP e o governo britânico". As cartas dos senadores foram recebidas depois que o governo escocês decidiu não enviar nenhum representante a uma audiência em Washington sobre o caso Lockerbie. O ministro da Justiça escocês afirmou que está pronto para receber os senadores que investigam se a BP teve alguma influência na decisão de soltar al-Megrahi, na tentativa de garantir contratos de petróleo com a Líbia. "Se os senadores americanos quiserem se reunir comigo, estou feliz em atendê-los", disse ele. "Me reuni com congressistas (americanos) em fevereiro, e minha porta está sempre aberta", disse. Ele ainda defendeu a decisão de seu governo. "O que está claro é que o povo escocês acredita que a decisão deveria ser tomada aqui na Escócia, pelo ministro da Justiça, e que a decisão foi tomada com boa intenção, sem nenhuma intervenção, ou consideração política, diplomática ou econômica." MacAskill sempre afirmou que a decisão de soltar al-Megrahi foi tomada seguindo um processo e está de acordo com os ideais do sistema de justiça escocês. Desde que a Escócia obteve mais autonomia de governo, 27 prisioneiros foram libertados por razões humanitárias, entre eles al-Megrahi. Desses, o líbio é o único que ainda está vivo; nenhum dos outros viveu mais do que seis meses. Na véspera do aniversário da libertação, no entanto, o líder do Partido Trabalhista escocês, Iain Gray, da oposição, perguntou: "Quanta compaixão este governo demonstrou em relação aos parentes americanos das 270 pessoas mortas em Lockerbie?". Murdo Fraser, vice-líder do Partido Conservador escocês, também da oposição, usou a data para pedir a divulgação completa dos fatos ligados à libertação de al-Megrahi. O voo 103 da PanAm explodiu a cerca de 10 mil metros de altitude, 38 minutos depois de decolar.

 

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