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Relação entre os dois países atravessa o pior momento

Posição estratégica faz a Geórgia ser vital para a Rússia

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Por Redação
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As relações entre Rússia e Geórgia passam pelo pior momento da história. Os georgianos sempre foram aliados históricos de Moscou, mas as coisas fugiram do controle do Kremlin após a dissolução da União Soviética e a independência das repúblicas que a compunham. No início dos anos 90, sentindo que perdiam influência no Cáucaso, os russos apoiaram movimentos separatistas nas províncias georgianas da Abkházia e Ossétia do Sul. A influência russa lançou a Geórgia em duas guerras contra os rebeldes apoiados por Moscou, entre 1990 e 1993. ''''Mesmo durante esse período, com os dois lados envolvidos num confronto aberto, Moscou não decretou nem um bloqueio econômico nem o fechamento de fronteiras, como fez agora'''', disse ao Estado o analista político russo Serguei Markedonov, do Instituto de Análise Política e Militar de Moscou. Markedonov lembra que a diplomacia russa, que sempre foi mais condescendente com as ex-repúblicas do Báltico, Moldávia e Ucrânia, nunca teve a mesma paciência com a Geórgia. O jogo duro do Kremlin explica-se pela posição estratégica que ocupa o território georgiano no Cáucaso. Boa parte da segurança energética da Rússia passa pelo domínio político da região. POLÍTICA DO GÁS A Gazprom, estatal russa detentora das maiores reservas de gás natural do mundo, tornou-se a principal fornecedora da Europa. Os russo têm projetos para ampliar o fornecimento de gás para os europeus, aumentando a dependência da União Européia do gás russo. Em janeiro de 2006, em pleno inverno, a empresa cortou o fornecimento de gás da Ucrânia, o que afetou o abastecimento para a Áustria, Itália, Hungria e Polônia. REVOLUÇÃO ROSA O temor de que a Rússia use o gás como ferramenta política fez a União Européia e os EUA elaborarem o projeto de um novo gasoduto, batizado de Nabuco, que importaria gás dos países da Ásia Central, passando pelo Mar Cáspio. Contudo, para chegar à Turquia, o gasoduto tem de passar pelo Cáucaso. O Azerbaijão, de tendência pró-ocidental, não faria objeção. O problema começa a seguir. A Armênia é aliada de Moscou e o Irã não é uma alternativa viável. A única saída seria a Geórgia, que a Rússia tenta desesperadamente controlar. A Revolução Rosa, de 2003, foi um golpe duro no Kremlin ao levar ao poder o presidente Mikhail Saakashvii, inimigo declarado de Moscou. Ele é favorável à entrada da Geórgia na UE e na Otan. Contrariados, os russos acusam os EUA de cooptarem uma importante ex-república soviética e atuarem em sua esfera de influência. Em resposta, a Rússia ameaçou com cortes de gás, fechamento da fronteira e restrições à importação de vinho e água mineral da Geórgia, ambos importantes produtos de exportação do país. O presidente Saakashvii acusa o Kremlin de praticar uma guerra econômica e denuncia o apoio russo aos separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia, duas políticas que mantiveram a influência russa sobre a Geórgia, mas que intensificaram a tensão entre os dois países. RELAÇÕES TENSAS Revolução Rosa: As relações da Geórgia com a Rússia se deterioram depois do movimento de 2003, que levou Mikhail Saakashvili, pró-Ocidente, ao poder Regiões dissidentes: Moscou e Tbilisi disputam as regiões rebeldes georgianas de Abkházia e Ossétia do Sul. Saakashvili quer voltar a controlar as regiões, que querem a independência ou a fusão com a Rússia Rússia-EUA: A Rússia considera que os EUA passam dos limites na sua tradicional influência na Geórgia e no Cáucaso. Tbilisi busca estreitar os laços com Washington Gás: Dependência da Geórgia do gás russo tende a reduzir-se nos próximos anos, com a abertura de um gasoduto entre Azerbaijão e Turquia Espiões: Conexões de transporte e comércio foram cortadas depois que a Geórgia exibiu na TV, em 2006, militares russos que disseram ser espiões. Embora algumas dessas ligações tenham sido retomadas, ainda não há vôos diretos entre as duas capitais Bases militares: A Rússia ainda tem duas bases militares na Geórgia, resquícios do período soviético, mas já se comprometeu a retirar suas tropas em 2008

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