20 de maio de 2009 | 12h06
Mais de 30 mil crianças acusadas de roubos menores, deserção escolar ou filhos de mães solteiras foram enviados à rede de escolas técnicas, reformatórios, asilos e hospedagens católicas, desde a década de 1930, até que as últimas destas entidades fechassem, na década de 1990. O informe nota que os abusos sexuais eram "endêmicos" em instituições para homens, controladas principalmente pela ordem dos Irmãos Cristãos. As meninas supervisionadas por ordens de freiras, principalmente pela das Irmãs da Misericórdia, sofriam menos abusos sexuais, mas muito com agressões e humilhações.
"Em algumas escolas, eram aplicados rotineiramente golpes rituais. As meninas eram agredidas por todas as partes do corpo, com artefatos desenhados para provocar a máxima dor", afirmou o informe. "Elas eram denegridas pessoalmente e também suas famílias." Há tempos as vítimas desse sistema exigem que sejam documentadas e publicadas suas experiências, para evitar novos problemas do tipo. Porém a maioria dos líderes das ordens religiosas rechaçavam as denúncias, afirmando que eram exageradas e mentirosas. Além disso, apontam que os abusos foram responsabilidade de indivíduos, em muitos casos mortos há anos.
O informe baseia-se quase totalmente nos testemunhos dos estudantes. A conclusão é que as autoridades eclesiásticas defendiam os agressores, em meio a um clima de ocultação para preservar seus interesses. "Um clima de medo generalizado por castigos constantes, excessivos e arbitrários, impregnava a maioria dessas instituições e todas as de meninos. Os garotos viviam atemorizados, sem saber de onde viria o próximo golpe", afirma o relatório.
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