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Relatório desvincula imigrantes de criminalidade nos EUA

Conclusão faz parte do estudo "Mito sobre a criminalidade entre os imigrantes"

Por Agencia Estado
Atualização:

Vários estudos publicados recentemente têm contribuído para diminuir a imagem negativa dos imigrantes nos Estados Unidos, ao apontar, por exemplo, que a quantidade de imigrantes presos é inferior à de nativos americanos. Essa é a principal conclusão de um recente relatório do Immigration Policy Center, um centro de estudos com sede em Washington. A entidade mostra que o índice de prisões de homens imigrantes entre 18 e 39 anos é cinco vezes menor do que o de nativos americanos em todos os grupos étnicos analisados. "O problema do crime nos EUA não é gerado ou tampouco agravado pelos imigrantes, independentemente de seu status legal", acrescenta o relatório. Os autores do estudo, intitulado "Mito sobre a criminalidade entre os imigrantes e o paradoxo da assimilação", reconhecem que "persiste a falsa percepção entre legisladores, meios de comunicação e público em geral de que a associação entre imigrantes e criminalidade é correta, o que dificulta o desenvolvimento racional de respostas públicas tanto ao crime como à imigração". Nesse sentido, a análise lembra que o presidente George W. Bush culpou no ano passado os imigrantes pelo aumento da criminalidade nas comunidades em que se estabelecem. O relatório menciona, por exemplo, que, em 2000, a taxa de prisão de homens de origem mexicana nascidos fora dos EUA foi de 0,7%, contra a de 5,9% referente aos nativos dos Estados Unidos. "O fato de muitos imigrantes entrarem no país de forma não autorizada ou de permanecerem (nele) após terem seus vistos vencidos é muitas vezes tido como uma afronta à lei, o que reforça a impressão de que a imigração e a criminalidade estão relacionadas", diz o estudo. Ruben Rumbaut, sociólogo da Universidade da Califórnia e pesquisador do Immigration Policy Center, assegura que essa associação teve início "nos ambientes de medo e ignorância" posterior aos atentados de 11 de setembro. Segundo eles, o período favoreceu que o terrorismo e os imigrantes ilegais fossem colocados no mesmo saco. No entanto, os co-autores do relatório apontam que tanto os dados do censo como os provenientes de outras fontes indicam que "para cada grupo étnico, sem exceção, as taxas de prisão entre os homens jovens são mais baixas entre os imigrantes, inclusive entre aqueles que têm menos formação". Segundo a análise, essa situação é correta no caso de mexicanos, salvadorenhos e guatemaltecos, que são tidos como a grande maioria dos imigrantes ilegais. Mesmo assim, os dados do estudo não convencem a todos. O Centro para Estudos sobre a Imigração, um instituto sobre a imigração ilegal com sede em Washington, disse que o Governo dos EUA fracassou sistematicamente na hora de coletar dados sobre o status migratório em prisões e outras instituições no censo de 2000. Dessa forma, os dados que foram utilizados para a análise seriam incorretos e suas conclusões, inválidas. Os autores do estudo defenderam o relatório ao destacar que os resultados são consistentes e baseados em inúmeras investigações realizadas anteriormente. Entre esses relatórios prévios estariam os realizados por dois economistas da Universidade de Princeton. Os documentos analisam os dados dos censos de 1980 e 1990, além dos mais recentes índices de homicídios em três cidades fronteiriças. "É um mito e um estereótipo que têm existido durante muito tempo", disse à Efe Ben Johnson, diretor do Immigration Policy Center, em alusão à idéia de que os imigrantes infringem a lei com mais freqüência. Para Johnson, o que faz com que a criminalidade seja inferior entre os imigrantes é o grande sacrifício que eles têm de fazer para chegar aos EUA, "por isso é lógico que muito poucos arrisquem tudo para violar a lei". O estudo do centro de Washington coincide com a publicação, na semana passada, de um relatório do Instituto de Política Pública da Califórnia que demonstra que não existe uma relação significativa entre a imigração legal ou ilegal e a perda de empregos no estado.

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