Relatório lista ciberataques chineses contra os EUA

Sistemas de vídeo de drones, nanotecnologia e links de dados táticos foram comprometidos pela espionagem da China

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Por WASHINGTON
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Projetos de sistemas de armas avançados dos EUA foram comprometidos por hackers chineses, segundo relatório preparado para o Pentágono. Entre eles estão programas cruciais. Especialistas advertem que as intrusões dão à China acesso a tecnologia avançada que pode acelerar o desenvolvimento de seus sistemas de armas e enfraquecer a vantagem militar americana. A lista de projetos comprometidos está numa versão confidencial do texto fornecida ao Washington Post. Algumas armas formam a espinha dorsal da defesa antimísseis do Pentágono para Ásia, Europa e Golfo Pérsico. Estão também identificados no relatório aviões e navios de combate e o sistema de armas mais caro já construído - o Joint Strike Fighter F-35 (desenvolvimento de três caças supersônicos invisíveis ao radar), cujo custo pode chegar a US$ 1,4 trilhão. A ciberespionagem é vista na China como chave para reduzir a vantagem militar americana. Por isso, pela primeira vez, o Pentágono nomeou especificamente governo e militares chineses como responsáveis pelas intrusões em sistemas de computadores do governo. Como a ameaça chinesa vem crescendo, o governo americano optou por tornar ainda mais públicos os seus temores. Em março, Thomas Donilon, consultor de segurança nacional de Obama, pediu que a China controle sua ciberatividade. Autoridades americanas dizem ainda que vários casos têm sido levados privadamente para representantes de alto escalão do governo chinês. O governo chinês nega a ciberespionagem e garante que Pequim é vítima de ciberataques americanos. Obama deve levantar a questão quando se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, na Califórnia, em junho. Para combater os ciberataques chineses, o Pentágono lançou um programa piloto, há dois anos, para ajudar a indústria a reforçar suas defesas de computadores, permitindo que as empresas usem dados sigilosos de ameaças da Agência de Segurança Nacional para identificar programas nocivos em suas redes. Os chineses, então, começaram a se concentrar nos subfornecedores, obrigando o governo americano a expandir o compartilhamento de dados de ameaças. Os EUA estimam que os chineses tenham atacado sistemas construídos por vários fornecedores importantes, entre eles Boeing, Lockheed Martin, Raytheon e Northrop Grumman. Nenhuma dessas empresas quis comentar o caso. Randy Belote, porta-voz da Northrop Grumman, no entanto, reconheceu que a companhia sofreu várias tentativas de invasão de seus computadores, mas está "vigilante" na proteção das redes. Um funcionário da Lockheed Martin disse que a empresa está gastando mais tempo para lidar com ataques à cadeia de suprimento de parceiros, subfornecedores e fornecedores do que com ataques diretos. "Por enquanto, nossas defesas são suficientes para conter a ameaça e muitos hackers sabem disso. Por isso, vão atrás dos fornecedores. Mas, é claro, estão sempre tentando desenvolver maneiras de atacar-nos." O relatório que será enviado ao Pentágono também listou as tecnologias que foram comprometidas, como sistemas de vídeo de drones, nanotecnologia, links de dados táticos e sistemas de guerra eletrônica - áreas em que americanos e chineses estão investindo pesado. / WP

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