Relatórios da ONU acusam Israel de "aterrorizar" palestinos

Assentamentos palestinos são alvos de ataques velados de Israel

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Por Agencia Estado
Atualização:

Colonos de assentamentos judaicos estão "aterrorizando" palestinos impunemente, intimidando crianças enquanto estas vão para a escola e destruindo fazendas e plantações, disse o perito no conflito entre palestinos e israelenses da ONU, John Dugard, em relatório divulgado nesta quarta-feira. Dugard, um advogado sul-africano, também alertou que o Estado judeu continua a controlar a vida na Faixa de Gaza, mesmo com a retirada das tropas e assentamentos israelenses da área. O território continua sendo alvo de assassinatos em massa e bombardeios. O embaixador de Israel em Genebra, Itzhak Levanon, rejeitou as alegações de Dugard, dizendo que elas "não foram apuradas". Israel já tinha desmentido o relatório de Dugard acusando-o de favorecer os palestinos para desacreditar o governo israelense. As investidas contra os assentamentos tem sido particularmente violentas na cidade de Hebron, Cisjordânia, disse Dugard em seu relatório preparado para a Comissão Anual de Direitos Humanos da ONU. Dugard faz esse relatório anualmente para a ONU, mas nunca recebeu cooperação de Israel. A atual Comissão de Direitos Humanos tem sido amplamente criticada e desacreditada, uma vez que seu poder contra os abusos é limitado. Dugard acabou seu relatório antes da vitória do Hamas nas eleições palestinas de janeiro, e por isso não faz menção ao grupo. No relatório, Dugard também afirma que Israel tem violado o tratado de Genebra, que proíbe "qualquer tipo de intimidação ou terrorismo" contra civis em tempos de guerra. O texto aponta que a retirada de Gaza foi uma atitude positiva, mas diz que o exército israelense mantém o controle da região. O major general Eliezer Shkedy, comandante da força aérea israelense, disse na última terça-feira que a média de civis mortos em comparação com a de terroristas diminuiu. Israel tem usado aviões supersônicos que sobrevoam pontos estratégicos de tensão para dispersar e criar medo entre a população palestina. Estes vôos têm sido feitos desde a retirada de Gaza, em setembro do ano passado, e acontecem durante o dia e a noite. Dugard destacou ainda que, mesmo sendo considerada uma violação dos direitos humanos, a construção do muro que separa Israel da Cisjordânia continua. Cisjordânia Um outro relatório da ONU também divulgado nesta quarta-feira afirma que o exército israelense aumentou o número de patrulhas e barreiras na Cisjordânia em 25% desde o último verão, incrementando as restrições de viagem para os palestinos e dificultando sua chegada até propriedades, mercados e hospitais. Israel defendeu-se dizendo que a rede de postos policias permanentes, barreiras de concreto e patrulhas esporádicas são necessárias para proteger cidades israelenses e estabelecimentos judeus de ataques palestinos. Neste relatório, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, ou OCHA (em inglês), disse que o número de obstáculos nas ruas aumentou de 376 em agosto de 2005 para 471 em janeiro de 2006, durante a saída de Israel da Faixa de Gaza. A saída de Israel da faixa de Gaza aumentou as esperanças de uma aproximação no relacionamento entre israelenses e palestinos, e melhoras na condição de vida da Cisjordânia. Mas desde então, as lutas na área se intensificaram, particularmente nas regiões perto das cidades de Nablus e Jenin, ao norte. A Cisjordânia classifica o sistema de "cercamentos" de Israel como a principal causa da fraqueza da economia palestina, e reclamam das excessivas barreiras e punições. Foi criado um novo sistema proibindo o acesso de palestinos ao Vale do Jordão, onde muitos têm fazendas e terras. Fazendeiros tem dificuldade de encontrar campos na cidade Salfit, ao norte, e na cidade Hebron, ao sul, enquanto comunidades rurais foram isoladas das cidade pelas dificuldades de deslocamento. As restrições de passagem dificultaram os fazendeiros de despachar seus produtos para os mercados da Cisjordânia e impede a chegada de residentes a postos de saúde. O porta-voz do ministro das relações internacionais de Israel, Mark Regev, informou que as barreiras foram ampliadas em resposta a "atividade terroristas". Israel declara que pretende usar uma nova tecnologia e outras medidas para aumentar a liberdade de movimentação.

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