Relembre as crises políticas no Peru desde a queda de Fujimori

País vive impasse diante da dissolução do Congresso pelo presidente Martín Vizcarra

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Por Redação
Atualização:

LIMA - Na crise política mais recente do Peru, o presidente Martín Vizcarra dissolveu o Congresso na segunda-feira, 30, que, em resposta, o suspendeu do cargo. Relembre abaixo outros impasses que travaram o governo peruano desde a queda de Alberto Fujimori em 2000.

Palácio do governo do Peru, em Lima Foto: Martin Mejia / AP

Destituição de Fujimori

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Em 21 de novembro de 2000, em meio a um escândalo de corrupção, o Congresso destituiu o presidente Alberto Fujimori por "incapacidade moral permanente" (no poder desde 1990), que havia enviado sua renúncia às vésperas por fax do Japão, para onde fugiu.

O presidente do Congresso, o opositor moderado Valentín Paniagua, tornou-se presidente interino.

Extraditado do Chile, em 2009 Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade. 

Em dezembro de 2017, estando hospitalizado, se beneficiou de um polêmico indulto "humanitário" do então presidente Pedro Pablo Kuczynski, anulado em outubro de 2018.

Crises governamentais

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Em julho de 2001, Alejandro Toledo tornou-se o primeiro chefe de Estado de origem indígena a chegar ao poder.

Em junho de 2003, decretou estado de emergência diante de uma onda de descontentamento social. Parte da oposição e da imprensa exigiam sua saída por "incompetência". 

O gabinete - liberado pelo primeiro-ministro Luis Solari - renunciou em bloco. Beatriz Merino assumiu o cargo de primeira-ministra.

No dia 11 de outubro de 2008, o presidente social-democrata Alan García, eleito em 2006 (após um primeiro mandato de 1985 a 1990), aceitou a renúncia de seu gabinete após um suposto caso de corrupção envolvendo a companhia norueguesa de petróleo Discover Petroleum. 

Yehude Simon foi então nomeada como primeira-ministra com a missão de "erradicar" a corrupção no país.

Esquerda no poder 

No dia 6 de junho de 2011, Ollanta Humala foi eleito o primeiro presidente de esquerda no Peru em 36 anos. Em julho de 2012, membros de seu gabinete renunciaram após serem fortemente criticados pela forma com a qual haviam lidado com conflitos sociais, deixando 17 mortos no decorrer dos meses anteriores.

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Em 1.º de abril de 2015, a chefe de gabinete, Ana Jara, foi destituída por uma moção de censura, a primeira em 50 anos, após um escândalo de espionagem em massa por parte dos serviços de inteligência. Foi sucedida por Pedro Cateriano, ministro da Defesa.

Queda de Kuczynski

Pedro Pablo Kuczynski, eleito presidente em 2016, ficou no centro de uma investigação por suposta lavagem de dinheiro em razão do escândalo de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht, que atingiu a classe política latino-americana.

A empresa reconheceu ter pago a políticos e funcionários peruanos subornos no valor de US$ 29 milhões entre 2005 e 2014. 

Kuczynski renunciou no dia 21 de março de 2018, um dia antes de o Congresso votar o seu impeachment. Foi o primeiro presidente em exercício a deixar o cargo por vínculos com a Odebrecht. 

Detido provisoriamente em abril de 2019, passou à prisão domiciliar em seguida.

Presos

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A líder opositora Keiko Fujimori, filha de Alberto Fujimori, também investigada pelo escândalo da Odebrecht, foi detida no dia 10 de outubro de 2018 e colocada em prisão preventiva.

Ollanta Humala foi enviado para prisão preventiva em julho de 2017, acusado de ter recebido US$ 3 milhões da Odebrecht durante sua campanha eleitoral.

Em 26 de abril de 2018, o Tribunal Constitucional ordenou sua libertação e de sua mulher, Nadine Heredia. Eles saíram da prisão quatro dias depois. Humala e Nadine foram denunciados em maio de 2019 por suposta lavagem de dinheiro.

Suicídio de García

Suspeito de suposta lavagem de dinheiro no escândalo Odebrecht, Alan Garcia cometeu suicídio em 17 de abril de 2019, antes de ser preso.

Vizcarra dissolve Congresso

No dia 30 de setembro de 2019, o presidente Martín Vizcarra dissolveu o Congresso dominado pela oposição fujimorista e pediu eleições legislativas antecipadas, em meio a uma crise institucional. 

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O Congresso respondeu aprovando a suspensão de Vizcarra por "incapacidade moral" e sua substituição pela vice-presidente Mercedes Aráoz, que renunciou no dia seguinte ao cargo. / AFP

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