PUBLICIDADE

Renúncia de ministro da Defesa ameaça Netanyahu 

Avigdor Lieberman retira seu partido da coalizão de governo, deixando o premiê com estreita margem no Parlamento

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

JERUSALÉM  - O ministro da Defesa linha-dura de Israel, Avigdor Lieberman, deixou nesta quarta-feira, 14, o governo de Binyamin “Bibi” Netanyahu após o primeiro-ministro concordar em estabelecer uma trégua com o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza. O acordo entre palestinos e israelenses pôs fim a dois dias de confrontos entre Gaza e o sul do território israelense. Lieberman não concordou com o acerto, deixou seu posto e pediu novas eleições. 

Avigdor Lieberman decidiu deixar a pasta da Defesa de Israel após governo acertar cessar-fogo com palestinos na Faixa de Gaza Foto: REUTERS/Ammar Awad

PUBLICIDADE

A decisão do ministro de retirar seu partido Yisrael Beiteinu – defensor de uma política belicosa – da coalizão de Netanyahu reduzirá o número de cadeiras do governo de 66 para 61 de um total de 120, deixando o premiê com uma frágil maioria.

A situação de Bibi pode se complicar mais, pois outro pilar da coalizão, o partido nacionalista religioso Lar Judaico, também partidário da linha-dura, ameaçou seguir Lieberman e romper com o governo se seu líder e ministro da Educação, Naftali Bennett, não for nomeado o novo ministro da Defesa. Se o partido deixar a coalizão, Bibi não terá outro caminho senão convocar eleições. 

Ao pedir antecipação de eleições, Lieberman criticou o chefe de governo dizendo que a falta de clareza da política de segurança de Israel precisa acabar: “Realmente espero que até domingo as negociações entre os partidos alcancem um acordo sobre uma data para eleições”. 

“Não posso seguir no meu cargo de ministro de Defesa, não posso olhar nos olhos das famílias do sul que vivem nas mãos do Hamas”, declarou Lieberman, acrescentando que sua decisão teve como base diferenças irreconciliáveis com Netanyahu. Primeiro, pela decisão do premiê, na semana passada, de permitir a entrada em Gaza de US$ 15 milhões para pagar salários de funcionários do Hamas. A segunda, a aceitação da trégua oferecida pelas milícias palestinas. 

Fontes do partido Likud, liderado por Netanyahu, declararam ao Times of Israel que o líder por enquanto cuidará da pasta de Defesa e asseguraram que “não há necessidade de realizar eleições neste momento por causa de problemas de segurança”. 

O movimento islamista Hamas comemorou a saída de Lieberman como “uma vitória política para Gaza”. As aulas foram retomadas hoje no sul de Israel e na Faixa de Gaza, três dias depois do início de uma escalada na qual grupos armados palestinos lançaram mais de 400 foguetes e granadas de morteiro sobre Israel, assim como o Exército israelense bombardeou posições no território.

Publicidade

Quinze palestinos foram mortos pelos disparos israelenses. As hostilidades causaram a morte de um oficial israelense e de um palestino que vivia e trabalhava em Israel.

Vários israelenses da “periferia” submetidos aos disparos de foguetes manifestaram nas ruas e nas redes sociais seu ressentimento contra um governo que deveria, em sua visão, bater mais forte nos grupos palestinos. E as divisões provocadas há meses no governo pela estratégia a ser adotada frente ao Hamas se agravaram ainda mais.

Durante uma reunião com seu gabinete de segurança, autoridades do Exército e de todos os serviços relacionados defenderam um cessar-fogo. Netanyahu tomou então essa decisão sem submetê-la ao voto do gabinete. / NYT, AFP e EFE 

PERFIL 

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Residente em uma colônia no território palestino ocupado da Cisjordânia, o ex-ministro da Defesa israelense Avigdor Lieberman é uma referência da ultradireita sionista laica. Membro do Parlamento israelense desde 1998, ele pedia havia meses uma forte operação militar contra o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

Lieberman tem mostrado um perfil duro ao longo de suas duas décadas de exercício político. Em uma recente e controvertida proposta, promoveu um projeto de lei para endurecer e facilitar a aplicação da pena de morte para os condenados por terrorismo. A medida é criticada por organizações de direitos humanos, que a consideram “exclusivamente destinada aos palestinos”.

Forte defensor da construção de assentamentos em território palestino, Lieberman é refratário à ideia de Israel fazer grandes concessões aos palestinos em um processo de paz hipotético e, na tradição revisionista sionista, considera a Cisjordânia ocupada parte da Grande Israel. / EFE 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.