CAIRO - O primeiro-ministro egípcio, Hazem el Beblawi, anunciou nesta segunda-feira, 24, a renúncia do seu gabinete, abrindo caminho para que o marechal Abdel Fattah al-Sisi - que também entregou seu cargo de ministro da Defesa - oficialize sua candidatura presidencial.
Segundo o primeiro-ministro, em discurso transmitido ao vivo em rede nacional, seu gabinete "fez todos os esforços para tirar o Egito do túnel apertado em termos de segurança, pressões econômicas e confusão política."
Beblawi não citou uma razão clara para sua decisão de renunciar. Mas, para que Sisi dispute a Presidência, ele precisaria deixar o cargo de ministro. Uma fonte do governo disse que a renúncia coletiva ocorreu porque Sisi não queria transmitir a impressão de que estava agindo sozinho.
O Egito deve realizar eleições presidenciais dentro de poucos meses, cumprindo o "mapa" definido por militares depois da derrubada do presidente islâmico Mohamed Morsi, em julho. O presidente Adly Mansur recebeu o comunicado de renúncia do governo e deve apontar um nome para formar um gabinete provisório até a realização da eleição.
A derrubada de Morsi desencadeou a mais sangrenta crise política na história moderna do Egito. Nos últimos meses, as forças de segurança mataram centenas de seguidores da Irmandade Muçulmana, prenderam milhares e levaram seus líderes a julgamento.
A Irmandade acusa Sisi de ter comandado um golpe e grupos de direitos humanos dizem que os abusos sob seu comando crescem a cada dia - acusações que o governo provisório instituído pelos militares nega./ REUTERS