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Repórteres culpam Otan por morte de colega em resgate

Por AE-AP
Atualização:

Um grupo de jornalistas afegãos acusou hoje as forças internacionais pela morte de Sultan Munadi durante o resgate, feito por britânicos, de um repórter do jornal "New York Times". Eles também acusaram as tropas de ter "dois pesos e duas medidas" para vidas ocidentais e afegãs. As acusações foram feitas quando o gabinete do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que as tropas realizaram ontem o ataque na tentativa de resgatar o repórter Stephen Farrell, de nacionalidade britânica e irlandesa, e o repórter e tradutor afegão Sultan Munadi, e que a missão foi autorizada como "a melhor chance de proteger a vida". Um recém-formado clube de mídia, formado por repórteres afegãos que trabalham para empresas internacionais, também condenou o Taleban por sequestrar os dois jornalistas na semana passada no norte do Afeganistão, quando eles investigavam a morte de civis após um ataque aéreo ordenado pela Alemanha. Mais de 50 repórteres afegãos, usando câmeras e carregando notebooks, deixaram flores hoje no túmulo do cemitério de Cabul onde Munadi, de 34 anos, foi enterrado. Ele morreu durante a troca de tiros em uma operação de resgate realizada na província de Kunduz, no norte do país. Farrell sobreviveu e foi levado em um helicóptero. Um militar britânico também morreu durante a operação. Em comunicado, o grupo de jornalistas disse responsabilizar as forças internacionais por ter lançado uma operação militar sem esgotar as possibilidades não violentas.''Desumano''O documento também afirma que foi "desumano" as forças britânicas terem resgatado Farrell e terem resgatado o corpo do militar, mas deixado para trás o corpo de Munadi. Seu corpo foi recuperado na tarde de ontem após negociações com anciãos locais, disse Mohammad Omar, governador provincial de Kunduz. A família enterrou o jornalista ontem à noite. Fazul Rahim, produtor afegão da rede CBS News envolvido na redação do comunicado dos jornalistas, disse que o fato de as tropas terem deixado o corpo para trás mostra falta de respeito. "Isso mostra dois pesos e duas medidas para uma vida estrangeira e uma vida afegã", disse ele.

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