Repressão matou 87 na Guiné, diz Cruz Vermelha

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Por AE-AP
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A repressão ontem a um protesto pela volta da democracia a Guiné deixou 87 mortos, afirmaram funcionários da Cruz Vermelha. Hoje, médicos atendiam centenas de civis feridos, após soldados invadirem a área da manifestação e começarem a disparar na multidão. Automóveis incendiados eram observados nas ruas de Conacri nesta manhã, enquanto moradores temerosos não deixavam suas casas. Pelo menos duas delegacias de polícia foram incendiadas após a explosão de violência.O líder militar do país, capitão Moussa "Dadis" Camara, que tomou o poder em dezembro em um golpe de Estado, disse ontem à noite a uma rádio francesa que o tiroteio foi causado por membros da guarda presidencial. Segundo ele, porém, o incidente estava fora de seu controle. "Essa gente que cometeu essas atrocidades foram elementos incontroláveis no Exército", afirmou Camara à Radio France International. "Inclusive eu, como chefe de Estado nesta situação tão tensa, não posso pretender ter controle sobre esses elementos no Exército."A Comissão da União Africana (UA) condenou os "disparos indiscriminados sobre civis desarmados". A UA suspendeu Guiné da entidade após Camara tomar o poder. Vários políticos foram presos ontem, entre eles o líder opositor Sidya Toure, liberado hoje. Toure disse que sua casa foi destruída.Camara tomou o poder em um golpe horas após a morte do ditador Lansana Conté. Ele disse inicialmente que não participaria de uma eleição, mas recentemente afirmou que tinha o direito de fazê-lo, caso quisesse. Os manifestantes temem que o país siga sem democracia. A manifestação da oposição ontem no principal estádio de futebol da capital reuniu aproximadamente 50 mil pessoas.

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