MANÁGUA - Mais seis pessoas morreram, entre elas um americano, na onda de violência na Nicarágua, elevando a 114 o número de mortos no país desde 18 de abril, quando começaram os protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega.
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Manifestantes nicaraguenses enfrentaram na noite de sábado com bombas de fabricação caseira as forças antidistúrbio, em um novo dia de protestos, saques e violência. A cidade de Masaya, antigo reduto sandinista que se rebelou contra Ortega, se transformou em um campo de batalha, onde centenas de manifestantes levantaram barricadas e enfrentaram com armas caseiras os policiais.
Entre os mortos, está o americano Sixto Henry Vieda, de 48 anos, que foi assassinado em Manágua por um grupo ligado ao governo, informou a ONG Associação Nicaraguense de Proteção aos Direitos Humanos.
Franco-atiradores. Manifestantes e vizinhos da região de Masaya denunciaram a presença de vários franco-atiradores na sede da polícia. “Estão atacando o povo. Até mesmo dispararam contra o peito de um vizinho meu. Foi um franco-atirador”, denunciou Jonathan José.
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A polícia de Masaya, por sua vez, acusou um grupo de delinquentes pelos “atos terroristas” e informou que 11 pessoas foram presas. A Nicarágua vive há quase 50 dias uma de suas mais sangrentas crises. Os protestos contra o governo Ortega começaram em abril após uma tentativa fracassada de aprovar uma reforma da previdência e se amplificaram após a forte repressão às manifestações.
A Conferência Episcopal da Nicarágua desistiu de mediar uma resolução do conflito em razão da violenta repressão e disse que o diálogo é impossível enquanto “o povo continuar sendo reprimido e assassinado” por grupos “ligados ao governo”.
O papa Francisco lamentou neste domingo, 3, os episódios de violência na Nicarágua por causa da crise política no país e pediu a volta do diálogo para que a liberdade e a vida dos cidadãos sejam respeitadas.
As reflexões foram feitas pelo papa depois da oração do Angelus na janela do palácio apostólico do Vaticano diante de milhares de fiéis que se reuniram na Praça de São Pedro. / AFP e EFE