Repressão no Iêmen mata ao menos 40 em protestos

Presidente Saleh decreta estado de emergência depois do pior ataque aos manifestantes que exigem sua renúncia

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Forças de segurança e partidários do governo do Iêmen abriram fogo ontem contra manifestantes na capital iemenita, Sana, matando pelo menos 40 pessoas, de acordo com o médico de um hospital próximo do local. A repressão não conseguiu acabar com o protesto, um dos maiores já observados no centro da cidade. O presidente Ali Abdullah Saleh decretou estado de emergência logo após o violento confronto. Ele negou que as forças de segurança estivessem envolvidas. O nível de violência foi superior ao visto em confrontos anteriores, comuns nas grandes manifestações que há semanas exigem a saída do presidente Abdullah Saleh. A nova tática preocupa porque o Iêmen, país destroçado pelas guerras, abriga um dos movimentos afiliados da Al-Qaeda mais ativos e é um aliado americano na luta contra o terrorismo. O presidente Obama condenou os atos de violência num comunicado, exortando o presidente Saleh a "cumprir sua promessa pública de que deixaria que as manifestações se realizassem pacificamente". A maioria das pessoas mortas foi ferida por balas na cabeça ou no pescoço, segundo os médicos. Apesar do alto número de vítimas, os manifestantes em Sana mantiveram o controle de um longo trecho da Ring Road, que se estende da Universidade de Sana até um viaduto sobre a rodovia principal. As forças de segurança que se concentraram retaguarda da manifestação começaram então a se retirar para o centro da cidade, lançando gás lacrimogêneo enquanto centenas de manifestantes as perseguiam atirando pedras. Pessoas que observavam o movimento da janela de apartamentos jogavam cebolas para que os manifestantes aliviassem os efeitos do gás lacrimogêneo. A violência teve início após as orações do meio-dia. À medida que se levantavam os opositores, partidários do governo abriam fogo dos tetos e janelas das casas. Muitas vítimas, envolvidas em lençóis cheios de sangue, eram levadas para uma mesquita transformada em um hospital improvisado. / NYT

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