Repressão no país é tão dura quanto o terror

Protocolo antiterror foi criado em 1982 e dá prioridade à 'eliminação dos extremistas' e não à vida de eventuais reféns

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Na Rússia, a doutrina de repressão aos movimentos radicais armados é dura como o próprio terror. A promessa do premiê Vladimir Putin de que os autores dos atentados ao metrô de Moscou serão destruídos deve ser tratada como real e efetiva.Para o professor Denis Dubois, especialista em guerra ao terror, "essa é a diferença de fundamento em relação aos serviços ocidentais: a prioridade é a eliminação dos extremistas". As forças russas mantêm os rígidos princípios herdados da URSS.O protocolo antiterror criado em 1982 e chamado Projeto Zenith é um conjunto de estratégias e táticas destinado a "reprimir, de forma definitiva, manifestações de insubordinação e resistência às ações do Estado". A unidade operacional treinada para essa missão é o Grupo A da Força Alpha, um esquadrão de elite. O foco do trabalho das unidades antiterror da Rússia é o uso da máxima força.O próprio Putin , ex-dirigente da KGB com nebuloso passado de perito em tiro de precisão e lutas marciais, liderou a Força Alpha. É um time autônomo, que mantém procedimentos próprios de inteligência. Cercados de mistério, os agentes têm a fama de não fazer prisioneiros, a não ser para obter informações. Nas situações de crise a equipe assume o comando das diversas forças envolvidas - policiais e militares. As equipes de 12 homens usam blindados sobre rodas para andar em alta velocidade, derrubar paredes, lançar foguetes, granadas de gás e disparar um canhão de 23 mm. O contingente recebe treinamento rígido, muito semelhante ao do Comando Delta americano. Como os equivalentes dos EUA, utilizam armas especiais, como uma versão curta do fuzil AK-47H. Todos os integrantes da Alpha são excelentes atiradores: índice de aproveitamento inferior a 98% é inaceitável. Também podem usar explosivos de precisão e construir bombas - dispondo apenas de material de limpeza doméstica. PARA ENTENDERA rebelião chechena começou nos anos 90 como um movimento nacionalista étnico depois da queda da União Soviética. Ela foi desatada pelo senso de injustiça por causa da deportação de chechenos nos anos 40 para a Ásia Central por ordem do ditador Josef Stalin. Durante a deportação para o Casaquistão e Sibéria, estima-se que entre um quarto e metade da população chechena tenha morrido. Apesar de terem sido "reabilitados" em 1956 e recebido autorização para voltar ao norte do Cáucaso, os sobreviventes perderam seus recursos econômicos e direitos civis.

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