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Republicano acusa equipe de Trump de inviabilizar acordos migratórios

Senador que votou contra acordo que estendia gastos para evitar a paralisação do governo federal afirma que assessores do presidente impedem avanços; falta de proposta sobre imigração torna difícil aprovar o projeto

Por Cláudia Trevisan , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

O senador republicano Lindsey Graham acusou neste domingo, dia 21, um dos principais assessores do presidente Donald Trump na Casa Branca de inviabilizar qualquer acordo sobre imigração, o que está na origem da paralisação do governo iniciada sábado, no dia em que o presidente completou um ano no cargo.

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O alvo de Graham, um dos mais proeminentes parlamentares do Partido Republicano, é Stephen Miller, conselheiro de Trump que defende posições extremas em relação à imigração, como a redução pela metade do número de estrangeiros que são aceitos legalmente pelos EUA por ano. Segundo Graham, a visão de Miller nunca teve apoio da maioria do Senado.

Trump ataca democratas que 'querem paralisar o governo para encobrir o sucesso da reforma tributária'. Foto: Nicholas Kamm/AFP PHOTO

“Nós nunca chegaremos lá enquanto abraçarmos conceitos que não podem de nenhuma maneira ter 60 votos no Senado. Um dos conceitos que rejeito é o de que temos muita imigração legal”, afirmou Graham, um dos republicanos que votaram contra a proposta de autorização temporária de gastos que manteria o governo aberto. 

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Os democratas e alguns senadores republicanos rejeitaram o acordo por ele não abranger uma proposta para o futuro de 690 mil jovens atendidos pelo DACA, programa do ex-presidente Barak Obama que suspendeu deportações de imigrantes ilegais que chegaram ao país quando crianças. Trump anunciou que a proteção acabará em março, caso o Congresso não aprove lei sobre o assunto.

Graham também criticou a falta de liderança da Casa Branca nas negociações sobre o tema e disse que assessores de Trump dificultam avanços nas conversas. “Eu tenho falado com o presidente e seu coração está correto nessa questão”, disse Graham, que se aproximou de Trump nos últimos meses. “Ele tem um bom entendimento do que é aceitável, e cada vez que temos uma proposta ela é descartada por sua equipe.”

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Ofensiva. No Twitter, Trump defendeu que os integrantes de seu partido mudem as regras do Senado e acabem com a exigência de 60 votos para que projetos sejam colocados em votação. Chamado de “opção nuclear”, o movimento enfrenta resistência entre republicanos, que o veem como uma garantia para minoria na Casa. A legenda tem 51 dos 100 votos, mas pode perder sua vantagem nas eleições de meio de mandato, em novembro.

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“Os democratas querem que imigrantes ilegais entrem em nosso país de maneira descontrolada. Se o impasse continuar, os republicanos deveriam ir para 51% (Opção Nuclear) e votar um Orçamento real, de longo prazo”, escreveu o presidente. A autorização temporária de gastos é a décima analisada pelo Congresso desde outubro, quando teve início o ano fiscal de 2018. As medidas foram necessárias porque não houve acordo para aprovação de um Orçamento definitivo.

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Trump também pressionou os republicanos a acabarem com a exigência de 60 votos no ano passado, durante a votação da proposta que revogava o Obamacare – rejeitada por uma diferença de apenas um voto após a dissidência de três republicanos.  O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, resistiu à pressão do presidente na época e manteve a mesma posição no domingo, dia 21. “A bancada republicana se opõe a mudanças nas regras sobre legislação.”

Graham integra um grupo de 20 senadores de ambos os partidos que buscavam uma solução para a paralisação do governo no domingo, dia 21. Uma das possibilidades em discussão era aprovar medida que garantisse o financiamento do governo até o dia 8, com o compromisso de negociar nesse período uma proposta sobre os inscritos no DACA.

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