Republicanos devem controlar Senado dos EUA no fim do governo Obama

Projeção do ‘NYT’ aponta perda da Câmara Alta pelos democratas, sinal de que presidente terá dificuldade para aprovar projetos

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Por CLÁUDIA TREVISAN , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

(Atualizado às 2h)

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WASHINGTON - O Partido Republicano conquistou ontem a maioria do Senado americano, em uma derrota devastadora para o Partido Democrata e o presidente Barack Obama, que enfrentará um Congresso hostil nos seus dois últimos anos de mandato, apontavam projeções feitas no começo da madrugada de hoje por analistas que acompanhavam a apuração para o New York Times. Segundo eles, a mais provável composição da Casa será de 52 membros republicanos e 48 democratas.

No início da madrugada, os republicanos estavam a apenas 1 cadeira de atingir o número mágico de 51 senadores – num momento em que ainda faltava iniciar a contagem dos votos em seis Estados.

O NYT também previa que os republicanos aumentariam em até 15 cadeiras sua bancada majoritária na Câmara dos Representantes. Eles têm 233 das 435 vagas. 

Na tarde de ontem, quando a votação ainda estava em andamento, o presidente Barack Obama atribuiu as dificuldades de seu partido nas eleições de meio de mandato a uma safra desfavorável de Estados nos quais as disputas ocorrem. “Nesse ciclo eleitoral, esse é provavelmente o pior grupo possível de Estados para os democratas desde Dwight Eisenhower”, declarou Obama, em referência ao presidente que governou os EUA de 1953 a 1961. ‪Os americanos elegeram ontem senadores em 36 dos 50 Estados. Os atuais ocupantes das cadeiras haviam sido eleitos em 2008, quando Obama venceu a presidência e ajudou democratas a chegarem ao Senado em Estados que tradicionalmente votavam no Partido Republicano. Parte desses senadores buscou reeleição ontem em um cenário mais hostil a seu partido e ao presidente, que tem 40% de aprovação. Alguns dos que se aposentaram deixaram a seus correligionários a difícil tarefa de vencer republicanos em Estados conservadores. ‪“Quando você olha para as disputas do Senado, em razão do fato de que só um terço da Casa está em disputa em cada eleição, tende a ser um pouco arbitrária a estimativa de quais cadeiras serão realmente disputadas e quais não serão”, disse o presidente em entrevista a uma rádio de Connecticut. ‪ A provável vitória na eleição de ontem dará aos republicanos o controle do Senado pela primeira vez desde 2006. Pesquisas de opinião apontavam vantagem dos republicanos na maioria dos dez Estados onde a disputa por cadeiras no Senado estava acirrada. ‪O partido precisava de seis vagas para assumir o controle da Casa, o que deixaria Obama diante de um Congresso opositor em seus dois últimos anos de mandato. As cinco primeiras cadeiras foram garantidas em Virgínia Ocidental, Dakota do Sul, Arkansas, Montana e Colorado com a vitória dos republicanos Sheeley Moore Capito, Mike Rounds, Tom Cotton, Steve Daines e Cory Gardner, segundo projeções baseadas na apuração preliminar dos votos e pesquisas de boca de urna. O candidato democrata em Arkansas, Mark Pryor, foi derrotado apesar do apoio de Bill e Hillary Clinton no Estado em que o ex-presidente iniciou sua carreira política. Os republicanos tinham boas chances de vencer a disputa pelo Senado no Alasca. Em Louisiana, nenhum dos candidatos obteve 50% mais um dos votos e haverá segundo turno no dia 6 de dezembro. O republicano Mitch McConnell conquistou a reeleição em Kentucky, derrotando a democrata Alison Grimes. Caso seu partido obtenha os seis votos necessários para controlar a Casa, McConnell deixará de ser o líder da minoria para assumir o cargo de líder da maioria. Levantamento divulgado pela CNN indicou que a economia era a principal questão para os eleitores que compareceram aos locais de votação ontem, com 45%. Em segundo lugar aparecia a assistência médica, mencionada por 24% dos entrevistados. Para 69% dos eleitores, a situação econômica é ruim e 65% declararam que o país caminha na direção errada. O provável controle do Senado pela oposição criará dificuldades para Obama preencher cargos do Executivo e do Judiciário que precisam de aprovação dos integrantes da Casa. Também dará à oposição o poder de criar CPIs para investigar o governo e convocar ministros e secretários para depor. ‪A dúvida é se os republicanos usarão seu poder para continuar obstruindo a agenda legislativa de Obama ou se colaborarão com o presidente em áreas nas quais existem interesses coincidentes, como reforma tributária e autorização para o presidente negociar acordos comerciais com outros países.

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