Republicanos dizem que Obama quer acabar com o direito ao porte de armas nos EUA

No último debate antes das primárias do partido, candidatos atacaram proposta do presidente que visa ampliar as revisões de antecedentes para vendedores particulares; Trump e Cruz trocaram farpas após acusações do magnata

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WASHINGTON - Os pré-candidatos republicanos para as eleições presidenciais dos Estados Unidos criticaram na noite de quinta-feira (madrugada de sexta, 15, em Brasília) as tentativas do presidente Barack Obama de aumentar os controles de armas e alguns deles asseguraram que o chefe de Estado quer acabar com o direito ao porte de armamentos.

O senador Marco Rubio afirmou no debate televisivo republicano que o presidente "confiscaria as armas de todos os cidadãos se pudesse" e quer "se desfazer" da Segunda Emenda da Constituição, que trata do direito ao porte de armas. Rubio também disse que o aumento da venda de armas desde que Obama assumiu a Casa Branca em 2009 se deve ao "medo" de que o presidente possa confiscar as armas.

Pré-candidatos republicanos tiram foto juntos antes do início de debate promovido pela Fox Foto: Andrew Burton/Getty Images/AFP

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O senador Ted Cruz também quis apelar para o medo do confisco de armas, um argumento que tem bastante aceitação na base mais conservadora dos republicanos, e disse que Obama quer "fazer uma lavagem cerebral nas pessoas" para que elas se oponham à posse de armas.

Cruz disse que a pré-candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, não acredita que a Segunda Emenda garanta o direito ao porte de armas a todos os americanos e insinuou que se ela chegar à Casa Branca em 2017, esse direito estará ameaçado.

Obama apresentou neste mês uma proposta para exigir por decreto a expansão das revisões de antecedentes para os vendedores particulares com alto nível de transações, que até agora estão fora do controle dos reguladores federais.

Essa reforma, que a Casa Branca tenta realizar sem o apoio do Congresso, que tem maioria republicana, tenta limitar a possibilidade de que pessoas com problemas mentais e antecedentes criminais possam obter armas facilmente.

O governador de New Jersey, Chris Christie, assegurou que tentar aprovar novas regulações à revelia do Congresso é algo próprio de "ditaduras". Já o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, comentou que, apesar de ser contrário às propostas de Obama, está de acordo em reforçar as medidas para evitar que as armas caiam nas mãos de pessoas com problemas mentais.

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O debate republicano aconteceu em Charleston, na Carolina do Sul, a mesma cidade onde ocorreu o massacre cometido por um jovem branco, ligado a movimentos racistas, que matou nove fiéis negros em uma igreja em junho.

Desentendimento. No último debate antes do início das primárias republicanas, o bilionário Donald Trump e o senador Ted Cruz, deixaram de lado meses de cortesias e protagonizaram uma explosiva discussão. Os dois trocaram farpas sobre os valores conservadores e o argumento de Trump de que Cruz, um senador ultraconservador nascido no Canadá, está eventualmente impedido de ser eleito presidente dos Estados Unidos.

"Em setembro, meu amigo Donald disse que seus advogados estavam revisando o tema de todos os ângulos e não havia nada", disse Cruz. "Agora, desde setembro a Constituição não mudou, mas os números das pesquisas sim", completou, em referência ao seu avanço entre os eleitores desde o fim do ano passado.

A Constituição dos Estados Unidos estabelece que para ter a possibilidade de ser eleito presidente, o candidato tem que ser um "cidadão natural de nascimento". Porém, esta é uma condição ambígua: exclui os cidadãos naturalizados, mas não define o que é um "cidadão natural".

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Cruz, que tem mãe americana e pai cubano, afirmou que não existem dúvidas. "O filho de um cidadão americano nascido no exterior é um cidadão natural de nascimento", disse. Ele chegou a afirmar que Trump, cuja mãe nasceu na Escócia, estaria desqualificando a si mesmo da disputa com sua alegação. "Mas eu nasci aqui. Grande diferença", respondeu Trump".

O debate representou o fim declarado da cortesia entre os dois, que dominam as preferências dos eleitores conservadores com estilos similares: uma retórica incendiária e uma plataforma de rejeição aos refugiados de sírios, com o apoio à construção de um muro na fronteira e a expulsão de milhões de imigrantes sem documentos dos Estados Unidos. / EFE e AFP

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