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Republicanos farão consultas sobre reforma imigratória nos EUA

A proposta dos republicanos teve a imediata oposição dos democratas, entre eles o senador Edward Kennedy, que a qualificou como uma "tática cínica"

Por Agencia Estado
Atualização:

Os republicanos na Câmara de Representantes dos Estados Unidos decidiram realizar uma série de consultas sobre a reforma imigratória em todo o país, o que poderia atrasar sua aprovação até o ano que vem. O presidente da Câmara de Representantes, o republicano Dennis Hastert, anunciou que a decisão de realizar as audiências permitirá "entender o que os americanos dizem". Segundo Haster, a intenção é "escutar os americanos, mas a prioridade é proteger as fronteiras". As audiências de Washington acontecerão em julho no Capitólio, enquanto as demais serão em agosto, segundo fontes do Congresso. A maioria das consultas será feita nas regiões mais afetadas pela entrada dos imigrantes ilegais, na área de fronteira com o México. A proposta dos republicanos teve a imediata oposição dos democratas, entre eles o senador Edward Kennedy, que a qualificou como uma "tática cínica". A líder da minoria democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, disse que a "responsabilidade caso a reforma imigratória não seja aprovada recairá sobre os republicanos". Bush A iniciativa dos republicanos se choca com as intenções do próprio presidente americano, George W. Bush, que expressou seu desejo de que a reforma imigratória seja aprovada antes das eleições legislativas de novembro. Bush apóia o projeto de lei aprovado em maio pelo Senado, que, além de reforçar a segurança na fronteira, prevê a criação de um programa especial que permitiria que imigrantes ilegais que vivem há mais de cinco anos nos EUA obtenham a cidadania. Projeto Para que possam ser incluídos no programa, teriam que pagar uma multa, impostos, aprender inglês e ter um trabalho durante seis anos. De acordo com o projeto do Senado, os imigrantes que vivem nos Estados Unidos entre dois a cinco anos poderiam solicitar uma licença de trabalho temporária. No entanto, a medida do Senado não conta com o respaldo de alguns republicanos, especialmente os da Câmara de Representantes, que consideram que o projeto representa uma anistia para os trabalhadores imigrantes ilegais e que qualquer tipo de legalização deve priorizar os reforços na segurança da fronteira. A Câmara Baixa dos EUA aprovou em 16 de dezembro de 2005 um projeto de lei que inclui a construção de uma barreira de mais de 1.100 quilômetros na fronteira com o México e o uso de policiais locais para deter imigrantes ilegais. A proposta da Câmara transforma em crime a entrada sem documentos no país, por isso os imigrantes poderiam ser condenados à prisão, ao invés de serem apenas deportados. Ela também obriga os empregadores a verificar o status migratório de seus empregados e eleva as multas para os que contratarem trabalhadores imigrantes ilegais. As diferenças entre os dois projetos de lei obrigam os legisladores a criarem um comitê para harmonizá-los, mas, até o momento, os membros desse órgão não foram designados. O comitê só se reunirá quando as audiências estiverem concluídas, após o recesso de verão. Hastert disse que se a reforma ficar pronta até setembro, será aprovada, caso contrário "não o faremos antes que esteja preparada". Alguns analistas disseram ter dúvidas sobre a possibilidade de o acordo ser aprovado nesse prazo, perante a proximidade das eleições de novembro, nas quais está em jogo o controle do Senado e da Câmara de Representantes. "Trabalhamos estreitamente com membros do Congresso para saber se podemos chegar a um acordo em um tema do qual os americanos disseram que querem participar", assegurou Dana Perino, uma das porta-vozes da Casa Branca.

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