Republicanos temem prejuízos de escândalo sexual

A vida secreta do ex-deputado republicano Mark Foley ameaça destruir as ambições de permanência no poder de dezenas de legisladores

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Por Agencia Estado
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Faltando cerca de um mês para as eleições legislativas nos EUA, os republicanos mantêm uma ofensiva política para conterem o prejuízo de um escândalo sexual que, segundo as pesquisas, poderia prejudicá-los nas urnas. A vida secreta do ex-deputado republicano Mark Foley ameaça destruir as ambições de permanência no poder de dezenas de legisladores republicanos. A disputa eleitoral de 7 de novembro determinará se os republicanos manterão o controle do Congresso ou se os eleitores darão as costas para eles, como indicam algumas pesquisas. Foley, um católico homossexual de 52 anos, é alvo de uma ampla investigação pela suposta troca de mensagens eletrônicas de conteúdo sexual com estagiários do Capitólio. As autoridades averiguam o caso que levou à renúncia de Foley também para determinar se, como alegam os democratas, houve encobrimento de informações dos republicanos. O senador republicano Jim Talent, que trava um confronto acirrado no Missouri com a candidata democrata Claire McCaskill, disse à rede "NBC" que "aquele que for o responsável (do suposto encobrimento) deve sofrer as conseqüências". O deputado republicano Adam Putnam reconheceu em um programa da "ABC" que o escândalo foi uma distração inoportuna, mas previu que os republicanos continuarão vivos na disputa eleitoral. Enquanto isto, em declarações à rede "CNN", o legislador democrata Charles Rangel lamentou que os republicanos, encurralados, culpem a oposição pela divulgação deste caso. "É ridículo. Porém, se eu estivesse em um aperto, como estão os republicanos, talvez me apegaria a qualquer argumento", disse Rangel. Dúvidas Por enquanto, existem muitas dúvidas sobre quem sabia das mensagens, quando ficaram a par delas e porque não atuaram antes. A oposição se queixa, especialmente, de que apenas alguns deputados republicanos estivessem sabendo das mensagens e que o comitê responsável pelo programa de estagiários excluísse os democratas das conversas. O presidente da Câmara de Representantes, Dennis Hastert, se nega a renunciar e defende sua postura na questão. A Casa Branca o apóia e vários republicanos também o defenderam. O caso causou nervosismo entre os republicanos, que defendem o conservadorismo social e os "valores familiares". Eles temem a ira da base conservadora que os manteve no poder desde 1994, já que neste caso a abstenção poderia aumentar em meio a seus eleitores. Antes da divulgação do escândalo, os conservadores já enfrentavam problemas por causa de assuntos como a imigração ilegal, a falta de austeridade fiscal e o infindável conflito no Iraque. Nestas eleições, serão renovadas as 435 cadeiras da Câmara de Representantes e 33 das 100 vagas do Senado, além de 36 governadores. Os democratas precisam de 15 cadeiras na Câmara Baixa e de 6 na Câmara Alta para desbancarem os republicanos. Como medida preventiva, o deputado republicano Tom Reynolds, que tinha a reeleição quase garantida, começou a transmitir um anúncio televisivo no qual se mostra "zangado e decepcionado" com as "mentiras" de Foley e no qual pede desculpas pela condução do caso. Reynolds, responsável por conduzir as campanhas legislativas de seu partido na Câmara Baixa, cancelou sua aparição na rede "ABC", aparentemente por razões de saúde. Enquanto isto o vice-preidente Dick Cheney continua seu ataque contra os democratas, com o argumento de que um voto para eles é se colocar contra a segurança nacional.

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