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Resistência e baixas no dia mais difícil para os EUA

Apesar da vitória em Nasiriya, porta-voz admite que coalizão liderada pelos Estados Unidos enfrenta dificuldades.

Por Agencia Estado
Atualização:

As más notícias se acumularam ontem para a coalizão anglo-americana que tenta derrubar Saddam Hussein no Iraque. Segundo o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, os aliados obtiveram uma importante vitória sobre a resistência iraquiana em Nasiriya, 320 quilômetros ao sul de Bagdá. Mas as baixas foram pesadas: 10 soldados americanos foram mortos numa emboscada e outros 12 dados como desaparecidos. Mais tarde, constatou-se que cinco soldados deste último grupo tinham sido capturados pelos iraquianos e feitos prisioneiros. Não ficou claro se cadáveres exibidos pela TV iraquiana eram dos demais soldados desaparecidos. Também ontem, um caça britânico Tornado foi abatido ? segundo os iraquianos pelo fogo antiaéreo e, de acordo com os americanos, por míssil Patriot ? no sul do país. Os dois tripulantes morreram, segundo o Ministério da Defesa britânico. O dia mais difícil ?Hoje (ontem) foi o dia mais difícil para a coalizão?, declarou o porta-voz do Comando Central, general John Abizaid, assinalando que alguns soldados iraquianos combatiam em trajes civis para enganar as tropas aliadas. Abizaid, no entanto, ressaltou que a Operação Liberdade Iraquiana ? nome dado à ofensiva contra o Iraque ? está dentro do cronograma. Fontes militares americanas indicaram que cerca de 70 soldados iraquianos foram mortos nos combates registrados no caminho de Nasiriya até Najaf, mais ao norte. Abizaid, a exemplo do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, condenou em duros termos a exibição de imagens de prisioneiros de guerra pela TV. Os americanos alegam que a exibição das imagens expôs os prisioneiros a humilhação, o que violaria a Convenção de Genebra. O general disse também que as tropas que se dirigiam à cidade de Al-Kut, a cerca de 170 quilômetros de Bagdá, estavam preparadas para enfrentar um possível ataque com armas químicas. ?Estamos tomando as precauções necessárias?, disse Abizaid. ?Há relatos de que na periferia de Al-Kut poderia haver algum tipo de armas químicas.? A rede de TV ABC informou que tropas americanas tomaram o controle de uma fábrica química em Najaf. Os países da coalizão fundamentam o ataque ao Iraque na suposta existência de armas de destruição em massa no país. Segundo fontes britânicas, a resistência iraquiana em Nasiriya começou a ?se esgarçar? rapidamente a partir do começo da madrugada de hoje no Iraque (noite de ontem no Brasil). Com isso, os aliados estavam a ponto de retomar sua marcha na direção de Bagdá, onde esperam chegar nos próximos dias. Emboscada Segundo militares americanos, os soldados iraquianos que emboscaram os dez soldados simularam uma rendição. Quando os americanos se aproximaram, os inimigos abriram fogo. Já a emboscada na qual desapareceram 12 soldados ocorreu quando o motorista do veículo que os conduzia errou o caminho. Segundo o brigadeiro americano Vincent Brooks, os soldados iraquianos destruíram seis veículos da coalizão durante as ações de resistência. Nasiriya é uma cidade estrategicamente importante para o avanço sobre Bagdá. No sábado, os soldados da coalizão anunciaram ter cruzado ali uma ponte sobre o Rio Eufrates, o que lhes permitiu avançar na direção dos flancos da capital. Os Fedayeen (unidades combatentes de elite pró-Saddam) tentaram conter o avanço das tropas em Najaf, cidade a 160 quilômetros de Bagdá. Havia choques também em Basra, segunda maior cidade iraquiana, cujos arredores são disputados pelos dois lados. Tropas britânicas informaram ter descoberto num bunker perto da cidade, em Az Zubayr, um arsenal com torpedos de fabricação russa, minas marítimas e outras armas. Mais ataques Enquanto as tropas de terra avançavam, a coalizão submetia Bagdá a novas rodadas de ataque aéreo, com mísseis de cruzeiro Tomahawk e bombas guiadas por satélite, que se sucedem desde a madrugada de quinta-feira (noite de quarta-feira no Brasil). Os ataques de ontem se deram em quatro ondas. A última, na madrugada de hoje, deixou uma grande coluna de fumaça no centro da capital, segundo relatos de correspondentes. Pela terceira vez desde o início da campanha, superbombardeiros B-52 deixaram sua base na Inglaterra para tomar parte do ataque. Os bombardeio fizeram tremer o solo da capital. Após uma das seqüências de ataques, um edifício próximo a um complexo presidencial de Saddam Hussein ficou em chamas. Três fortes explosões, que pareciam de mísseis, foram ouvidas nos arredores da cidade. Também se repetiram os bombardeios contra a cidade de Mosul, no norte do país, onde as sirenes de alerta soaram. Os ataques se repetiram intermitentemente durante a noite. Kirkuk, também no norte, e Tikrit, nos arredores de Bagdá e cidade de origem da família de Saddam, também foram bombardeadas. Os mísseis americanos atingiram ontem à noite, pela primeira vez desde o começo da guerra, uma área residencial em Bagdá, onde, segundo as autoridades iraquianas, reduziram sete casas a escombros. Uma densa fumaça cercava a capital iraquiana devido aos incêndios de petróleo acumulado em trincheiras provocados pelas autoridades para dificultar os bombardeios. As sirenes de alerta soaram também no Kuwait, onde militares americanos informaram que um míssil iraquiano foi interceptado por um míssil antimíssil Patriot. Veja o especial :

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