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Resistência muda tática americana na 1ª semana de guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

Os EUA podem ter subestimado a capacidade de resistência dos paramilitares iraquianos, confessou nesta quarta-feira um oficial americano à rede de TV americana CNN, após a primeira semana de combate no Golfo Pérsico. Os combatentes Fedayin, uma milícia paramilitar fiel a Saddam Hussein, junto com forças de segurança da Guarda Republicana, lançaram severos ataques contra as tropas americanas e britânicas durante esta semana. Defrontando-se com um padrão letal de emboscadas e subterfúgios, e com muitos dos apoiadores de Saddam trocando a farda por trajes civis, as forças da coalizão responderam com uma mudança tática na ofensiva sobre Bagdá. Em lugar de um avanço rápido, o Exército americano optou por enviar destacamentos avançados para atacar posições da resistência iraquiana. Um funcionário do Pentágono disse que alguns comandantes ficaram surpresos com a capacidade de resistência e, outros, com a brutalidade da milícia leal a Saddam. Entre 30 mil e 60 mil combatentes lutam pelo regime iraquiano. Nesta quarta-feira, os americanos descobriram que um amplo contingente da elite da Guarda Republicana do Iraque, incluindo mil veículos, se dirigia ao encontro dos fuzileiros norte-americanos na região central iraquiana, uma área na qual já ocorreram pesadas batalhas. Fontes da inteligência da 1º Força Expedicionária dos fuzileiros navais informaram que forças iraquianas também estavam se dirigindo para o sul de Bagdá por uma rota que permitia evitar as forças do Exército dos EUA que avançam em direção à capital do Iraque. O caminho permitia que as tropas seguissem em direção aos fuzileiros americanos, que estão em luta, nos últimos dias, nos arredores de Nasiriya. Pela manhã (hora de Brasília) foi feito o maior relato de vítimas civis no Iraque desde o começo da guerra. As bombas caíram em um bairro residencial de Bagdá e atingiram um mercado, matando 14 pessoas e ferindo mais de trinta. Imagens mostraram um prédio destruído e uma grande cratera. A rede da água se rompeu e várias ruas foram inundadas. Postes foram derrubados, árvores arrancadas e carros capotaram. Chamas tomaram lojas e casas. Moradores usavam baldes de água para combater os incêndios enquanto mulheres vestidas com chador corriam pelas ruas, puxando crianças pela mão. Em Basra, a oposição xiita a Saddam Hussein negou que haja um levante contra a Guarda Republicana na cidade. Segundo a agência Ansa, só há protestos, causados pela falta de água e energia elétrica. Britânicos que sitiam a cidade insistem que a população está se revoltando. No entanto, o premier Tony Blair disse que as informações são confusas. Mídia Na primeira semana do conflito, uma outra guerra foi travada: a de informação. Fontes americanas garantiam na quarta-feira passada que Saddam teria sido morto em um ataque chamado de "decapitação" pelo comando militar dos EUA. Uma semana depois, americanos admitem que Saddam sobreviveu. Na primeira guerra em que correspondentes são incorporados às tropas, quem ditou o tom da semana foram os porta-vozes militares. O governo de Saddam Hussein também se aproveitou das "versões". Garantiu que prendeu, derrubou, destruiu e derrotou tropas e armamentos americanos. Fatos prontamente negados pelo Pentágono e pelo comando militar no Catar. Nesta guerra da imprensa, os dois lados encamparam a versão de seus governos. A mídia americana adotou um tom patriótico, dando ênfase ao poderio militar, à tecnologia das bombas e à precisão. As TVs também se negaram a mostrar imagens de soldados mortos e capturados por forças iraquianas. A Fox News, que tem um ex-militar como correspondente no Golfo Pérsico, muitas vezes submeteu suas reportagens ao crivo do Pentágono e, em pelo menos em um episódio, mostrou-se mais realista que o império. Foi a única TV a divulgar a apreensão de um depósito de armas químicas. O Pentágono foi obrigado a dizer que o anúncio era prematuro, e o assunto sumiu do noticiário. As TVs árabes preferiram mostrar a crueldade da guerra, com imagens de civis e militares mortos, muitas vezes em close. Na primeira guerra em que a voz árabe é ouvida, a Al Jazira, TV de notícias em língua árabe do Catar, foi a mais criticada pelo governo americano, que acusou a rede, entre outras coisas, de violar a convenção de Genebra por mostrar imagens de prisioneiros de guerra e incitar a revolta da população, com imagens sangrentas. Veja o especial :

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