
14 de junho de 2011 | 12h43
Destino de restos de ex-ditador deverá ser decido junto com família de Franco
MADRI - O Governo espanhol considera a possibilidade de retirar os restos mortais do general Francisco Franco do memorial do Valle de los Caídos se assim propuser a comissão de especialistas que estuda o futuro do mais emblemático monumento da ditadura franquista.
O ministro da Presidência espanhola, Ramón Jáuregui, expressou nesta terça-feira, 14, a disposição do Executivo socialista dirigido por José Luis Rodríguez Zapatero. Segundo Jáuregui, já houve contatos "extraoficiais" com a família de Franco.
"Se essa recomendação for feita, negociaríamos para que os restos mortais de Franco fossem depositados no panteão do cemitério de El Pardo, onde está sua viúva", declarou o ministro ao canal de televisão "La Sexta".
Mesmo esperando o consenso da família, Jáuregui especificou que se os parentes de Franco recusarem a mudança, o Governo teria capacidade para tomar a decisão por si próprio.
À espera da decisão da comissão de especialistas, Jáuregui disse que, caso a mudança seja proposta, gostaria de fazê-la antes do fim da atual legislatura, que termina no primeiro semestre de 2012.
O ministro disse que "já é hora" de "um ícone da repressão do nacional-catolicismo se transformar em um lugar para todos, de memória reconciliada", destacou.
"Que façam o que acharem mais adequado e, definitivamente, tratemos os vivos da maneira mais correta possível e os mortos também com o tratamento que a história aconselha", afirmou o presidente do Congresso dos Deputados, o socialista José Bono, acrescentando que qualquer momento é bom "para ajustar contas com a história".
O Valle de los Caídos, maior símbolo da ditadura de Franco, começou a ser construído em 1940 por milhares de presos republicanos, junto com operários e presos comuns. No local, estão depositados os restos mortais de José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola, e 33.846 combatentes da Guerra Civil (1936-1939).
Em outubro de 2007, o Parlamento espanhol aprovou a Lei da Memória Histórica que condena a ditadura do general Franco e amplia medidas de reconhecimento às vítimas da Guerra Civil, além de ordenar a retirada de símbolos franquistas que ainda sobrevivem e a despolitização do Valle de los Caídos.
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