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Resultado de eleições em Timor sairá apenas quarta-feira

Pesquisas realizadas antes da votação mostraram uma população dividida, o que revela uma grande possibilidade de segundo turno daqui a 30 dias

Por Agencia Estado
Atualização:

Após uma eleição presidencial relativamente tranqüila, o governo do Timor Leste anunciou nesta segunda-feira, 9, que os resultados preliminares do pleito devem sair apenas a partir da quarta-feira, 11. No entanto, pesquisas realizadas antes da votação mostraram uma população dividida, o que revela uma grande possibilidade de segundo turno. A Comissão Eleitoral Nacional deve anunciar o resultado oficial no final de semana, embora ainda não haja uma data estabelecida. Segundo analistas, o fato de oito candidatos terem se apresentado à Presidência indica que haverá um novo turno entre os dois mais votados dentro de 30 dias. Depois de quase um ano de instabilidade política, os timorenses compareceram às urnas em um ambiente de tranqüilidade para escolher novo presidente, o segundo desde que o país conquistou sua independência, em 2002. O principal destaque da jornada eleitoral foi a ausência de incidentes violentos tanto em Díli, a capital, como no resto do país, segundo confirmou aos jornalistas a missão da Polícia da ONU (UNPOL), encarregada de garantir a segurança durante o processo. As mesmas fontes asseguraram que houve um grande comparecimento de eleitores para decidir quem será o presidente da ex-colônia portuguesa durante os próximos cinco anos. Candidatos Dos oito principais candidatos à chefia de Estado, o atual primeiro-ministro e Prêmio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, aparece como o favorito. Ramos-Horta foi um dos candidatos que escolheu votar logo no começo da manhã, em uma escola do distrito de Meti Aut. "Ganhará o povo, seja qual for o resultado, e ganhará a democracia se todo mundo respeitar os resultados", disse o prêmio Nobel da Paz de 1996, que se candidatou como independente. Pouco depois aparecia para votar o seu rival, Francisco "Lu-Olo" Guterres, presidente da Frente Revolucionária do Timor-Leste (Fretilin) e candidato à Presidência por esse histórico partido que liderou a luta pela independência e ostenta a maioria no Parlamento. Ramos Horta aproveitou para acusar alguns militantes do Fretilin de fazer uma campanha "porta a porta" para intimidar os eleitores e influir em seus votos. As acusações foram rechaçadas pelo vice-secretário-geral do Fretilin, José Manuel Fernandes, que afirmou que esta era uma tentativa de Ramos Horta de diminuir os votos de Guterres. Em Díli também votou o presidente do país, Xanana Gusmão, que após deixar a Presidência pretende se transformar no novo primeiro-ministro, caso vença as próximas eleições legislativas, previstas para junho ou julho. As eleições presidenciais são encaradas como um duelo entre Ramos Horta e Guterres, embora exista a possibilidade de segundo turno, que acontecerá caso o mais votado não obtenha mais de 50% dos votos. O pleito também serve como um teste político para os outros seis candidatos: Fernando de Araujo, do Partido Democrático; Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrática Timorense; Lucia Lobato, do Partido Social Democrático; João Carrascalao, da União Democrática Timorense; Avelino Coelho da Silva, do Partido Socialista Timorense, e Manuel Tilman, da União dos Filhos Heróis das Montanhas de Timor. Eleições Cerca de 700 colégios eleitorais encerraram seus trabalhos às 16h (04h, em Brasília), após nove horas abertos e depois de atender aos cerca de 500 mil eleitores convocados em todo o país. Além da UNPOL, a ordem pública ficou sob responsabilidade das tropas de Austrália e Nova Zelândia postadas no país após a onda de violência ocorrida em Díli em meados de ano passado. As eleições foram supervisionadas por 1.900 observadores nacionais e cerca de 200 internacionais, liderados por uma missão da União Européia. História O vencedor destas eleições presidirá um dos países mais pobres do mundo, e que ainda não superou as feridas de 2006, quando a expulsão de cerca de 600 militares e policiais gerou uma espiral de violência que esteve a ponto de afundar o país em uma guerra civil. A crise evidenciou também a falta de sintonia entre Gusmão e o então primeiro-ministro, Mari Alkatiri, que renunciou em conseqüência desses fatos e foi substituído por Ramos Horta. O Timor Leste foi uma colônia portuguesa por mais de três séculos antes de ser invadida pela Indonésia em 1976. Isto iniciou um conflito que durou 24 anos no país - época em que Ramos-Horta estava no exílio. Quando a população votou em favor da independência em 1999, tropas indonésias mais de mil pessoas em uma investida em Díli.

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