Retirada em assentamento judaico termina com mais de 140 feridos

Evacuação foi realizada em batalha campal com mais de 2.000 colonos

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia israelense completou hoje o despejo de milhares de manifestantes de nove casas no enclave de Amona, na Cisjordânia, em operação na qual entre 140 e 160 pessoas ficaram feridas. Para analistas, a desocupação foi um teste para o primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, que disse que agiria com determinação contra os colonos que violarem a lei. As escavadeiras da polícia destruíram todas as casas para cumprir uma ordem do Governo ratificada na manhã desta quarta-feira pela Suprema Corte de Israel. A evacuação foi realizada com uma batalha campal entre mais de 2.000 colonos que haviam se reunido no enclave e um número superior de policiais enviados à região desde a noite de ontem. A maioria dos manifestantes, de 14 a 20 anos de idade, não vive no enclave e chegou ao assentamento em resposta a um pedido dos líderes nacionalistas para impedir a desocupação. "(O primeiro-ministro interino, Ehud) Olmert segue o caminho de Sharon, e a única coisa que quer com nossa evacuação é vencer as próximas eleições", afirmou Yossi Feinbeim, de 20 anos, que chegou ontem à noite a Amona, vindo de Jerusalém, com cinco amigos. Fontes médicas informaram que 84 feridos foram levados a hospitais e centros médicos em ambulâncias da Estrela de Davi Vermelha. Sete, que estariam em estado grave, foram tirados do local de helicóptero. Um policial tem ferimentos muito graves. O comandante da Polícia de Fronteira, um dos organismos que participam da operação, confirmou que "houve muita violência", mas disse que seus homens estavam se preparando desde o domingo para a operação. Entrincheirados no interior das casas e posicionados nos telhados, os manifestantes atiraram nos agentes baldes de excrementos, tinta, água e azeite, bem como ovos, pedras, esquadrias de janelas e portas. "Assassinos", "nazistas", "ditadores" gritavam os colonos aos agentes. Os manifestantes também usaram palavras de ordem, como "Um judeu não expulsa outro judeu", muito usada durante a evacuação israelense da Faixa de Gaza, no segundo semestre de 2005. Continuidade territorial A ordem governamental autorizava a demolição de nove casas de alvenaria construídas sem a licença das autoridades em uma colina em frente ao assentamento de Ofra, mas não ordenava a evacuação de várias casas pré-fabricadas localizadas no mesmo monte, a apenas cem metros. Amona faz parte de um cinturão de terrenos numerados de 1 a 5 que rodeiam o assentamento, em uma estratégia dos colonos para criar uma continuidade territorial na região e evitar sua evacuação em um futuro processo de paz com os palestinos. A construção das nove casas em Amona, assim como em outros 20 enclaves ilegais, foi denunciada há dois anos pelo movimento "Paz Agora", que graças às pressões internacionais convenceu o governo israelense a fazer a evacuação. Reações O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, afirmou que os colonos que se opuseram hoje ao despejo "ultrapassaram todos os limites", ao enfrentar e atacar as forças de segurança. "O comportamento dos que se opuseram às forças de segurança deve ser qualificado de violento", disse o chefe do Governo israelense em reunião com os membros do gabinete para assuntos dos serviços secretos. "O lançamento de blocos de cimento e pedras contra as cabeças dos agentes é uma transgressão de todos os limites, e sua atitude chega a proporções nunca vistas", acrescentou. Um dos policiais feridos sofreu lesões graves na cabeça provocadas pelo impacto de um bloco de cimento jogado por manifestantes, que estavam entrincheirados no telhado de uma das nove casas desalojadas. Já os líderes do movimento de colonos se queixaram da "brutalidade" dos agentes. "Estamos comovidos pela brutalidade e crueldade com que os policiais tratam os judeus", disse, em comunicado, o Conselho de Rabinos de Judéia, Samaria (Cisjordânia) e Gaza.

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