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Retomada do crescimento é desafio para novo presidente

Segundo pesquisador, uma das necessidades do México é reduzir sua dependência da extração do petróleo

Por MONTERREY e MÉXICO
Atualização:

A estabilidade econômica que permitiu ao México crescer entre 3% e 4% nos últimos anos tende a se manter no curto prazo, mas corre riscos caso reformas não sejam feitas. Segundo Alejandro Villagomez, pesquisador do Centro de Investigação e Docências Econômicas, há três desafios no caminho do próximo presidente. O primeiro é reduzir a dependência da extração o petróleo. "O petróleo sustenta um terço da economia e estamos diante de um cenário internacional instável, em que o preço oscila muito", avalia Villagomez. Durante a campanha, os candidatos citaram a Petrobrás como um modelo a ser seguido. "Falou-se na Petrobrás porque é latino-americana e há um consenso de que precisamos abrir a Pemex a investidores estrangeiros, pois desde os anos 90 a produção está em queda", diz.O segundo fator que limita o avanço do país, de acordo com o acadêmico, é o mercado informal - 40% dos trabalhadores vivem sem pagar impostos e sem benefícios. Em razão da conjunção entre essa informalidade e algumas renúncias fiscais "discutíveis", outro economista, Gustavo Ramírez, calcula que a economia do México deixe de avançar entre 1% a 2% ao ano. "Precisamos de reformas fiscais e de abertura ao mercado privado", diz Ramírez."Não falta trabalho, quem quer trabalhar arruma o que fazer. Mas os salários são muito baixos, a partir de 60 pesos (R$ 10) por dia", queixa-se o caminhoneiro Faustino Hernández, morador de Veracruz, no leste.Para Villagomez, a informalidade explica os salários baixos e a lentidão para reduzir a desigualdade. "Temos o homem mais rico do mundo (o empresário Carlos Slim) e 45 milhões de pobres. Não há perspectiva de crescimento real se não incluirmos essas pessoas", afirma Villagomez, para quem a última pedra no caminho do presidente mexicano são os oligopólios. Sobre o impacto do crime organizado sobre a economia, o economista prefere não especular. "Pode-se imaginar que o aumento de gastos com seguros, segurança privada e transportes afasta empresários, mas mensurar isso é impossível", afirma o pesquisador. / R.C.

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