Retomada do diálogo com Fatah é adiada pelo Hamas

Segundo porta-voz do Hamas, a distribuição dos ministérios na futura coalizão está paralisada devido às divergências entre os dois grupos rivais

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Por Agencia Estado
Atualização:

O porta-voz do governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ghazi Hamad, disse nesta quarta-feira que a retomada das negociações com o Fatah para a formação de uma coalizão de união nacional foi adiada esta semana porque o movimento islâmico Hamas tem reservas sobre sua constituição. "Queremos verdadeiramente um governo de unidade, mas o Hamas possui certas reservas e estamos trabalhando para dissolvê-las em discussões com as partes" palestinas, disse Hamad aos jornalistas. A formação de um novo gabinete é visto como fator chave para que a comunidade internacional volte a fornecer ajuda financeira ao governo palestino. Desde o início de 2006, quando o grupo islâmico Hamas ganhou as eleições palestinas, EUA, Europa e Israel cortaram o repasse de verbas para a ANP, pois consideram o Hamas - que prega a destruição de Israel - uma organização de caráter terrorista. O porta-voz esclareceu que a distribuição dos ministérios na futura coalizão está paralisada, devido às divergências entre o governo do primeiro-ministro da ANP, Ismail Haniye, e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, mas não deu detalhes adicionais. Fontes da ANP disseram que as principais diferenças giram em torno do Ministério do Interior, do qual atualmente depende uma "força auxiliar" formada por 6 mil integrantes do Hamas, que nas últimas semanas protagonizaram sangrentos confrontos com órgãos de segurança e militantes do Fatah leais a Abbas. Segundo as fontes, os islamitas exigem que a "força auxiliar", criada pelo ministro do Interior, Said Siyam, atue junto com os órgãos de segurança da ANP, mas como um organismo independente, e não como parte da Autoridade, como propõe o Fatah. Ultima oportunidade As fontes ligadas ao Fatah acrescentaram que a esperada retomada do diálogo, que deverá ocorrer na terça-feira, é considerada "a última oportunidade" para formar um governo de unidade aceitável pela comunidade internacional. Abbas e Haniye, separados por divergências políticas e ideológicas, estão há semanas sem conversar, desde que, em dezembro, o presidente da ANP anunciou sua intenção de antecipar as eleições na Cisjordânia, em Gaza e em Jerusalém Oriental. Hamad acrescentou que não tem sentido que os dois voltem a se reunir enquanto persistam suas diferenças. Isso pode ocorrer após uma visita de Abbas à Síria onde o presidente da ANP deve reunir-se com o secretário-geral do Hamas, Khaled Mashaal. Abbas deve viajar ao país vizinho no final desta semana, onde se reunirá com autoridades sírias e, talvez, também com o dirigente máximo do Hamas.

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