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Retorno de europeus do Reino Unido para o continente é o maior em uma década

Apesar de número de chegadas ao país ainda ser maior que o de saídas, com o Brexit, saldo é o menor dos últimos cinco anos

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast), CORRESPONDENTE e LONDRES
Atualização:

LONDRES - Um total de 130 mil cidadãos da União Europeia (UE) desistiram de morar no Reino Unido nos 12 meses encerrados em setembro do ano passado. O volume, divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatísticas britânico (ONS, na sigla em inglês), é o maior em uma década e confirma a suspeita de aumento de retorno por moradores do bloco que pairava entre os especialistas desde que o Brexit, em junho de 2016.

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O saldo líquido ainda é positivo para a Grã-Bretanha, já que 220 mil pessoas do bloco se mudaram para o país no período. A diferença, no entanto, de apenas 90 mil pessoas, também é a menor dos últimos cinco anos. Para a chefe de estatísticas de migração internacional do ONS, Nicola White, o processo migratório é complicado e pode ser influenciado por razões diferentes. Ela admitiu, porém, que o Brexit pode ser um deles.

Pesquisa revela que a maioria dos britânicos prefere o Reino Unido dentro da UE Foto: AFP PHOTO / Daniel LEAL-OLIVAS

Em meio às tensas negociações sobre a separação que ocorrem atualmente, os números da ONS também mostram que mais britânicos estão saindo do Reino Unido (125 mil) do que voltando a viver no país (73 mil). Uma das razões de quem votou pelo divórcio foi acreditar que haveria mais postos de trabalho disponíveis para os locais. Dos cidadãos que decidiram trocar seu país de origem pela Grã-Bretanha, menos vieram em função de uma vaga de emprego.

Pelos dados gerais do ONS - que consideram entradas e saídas de outros países e não apenas do bloco comum -, a imigração líquida britânica ficou em 244 mil no período. Este total é inferior ao saldo de 253 mil pessoas registradas no levantamento de três meses antes. De qualquer forma, está bem distante do que deseja o Partido Conservador - da primeira-ministra Theresa May - de reduzir a imigração para menos de 100 mil.

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Isso porque, apesar da redução de cidadãos europeus, a pesquisa identificou uma elevação de novos moradores provenientes de outros locais do mundo, para 285 mil. Com essa movimentação, a população britânica continua a crescer no mesmo nível verificado quatro anos atrás. Em 2014 e 2015, o número de cidadãos europeus que chegavam à Grã-Bretanha ficou entre 240 mil e 280 mil. Desde a consulta pública de junho de 2016, porém, o declínio vem sendo registrado.

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Ainda de acordo com o ONS, a maior quantidade de registros de imigrantes europeus para Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales no ano passado até dezembro foi de romenos (154 mil). Mesmo assim, houve uma queda de 19% em relação a 2016. O segundo posto é o da Polônia (62 mil e -34%), seguido por Itália (51 mil e -19%), Bulgária (39 mil e -8%) e Espanha (36 mil e -25%). Já de fora do bloco, o ranking é formado por Índia (32 mil e -10%), Paquistão (12 mil e 0%), Austrália (11 mil e -12%), China (11 mil e -15%) e Estados Unidos (10 mil e -2%). 

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