Retrospectiva 2011: Governo de Cuba anuncia reformas econômicas

Presidente Raúl Castro tenta salvar economia ao promover abertura gradual nas políticas do país

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Por Redação
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HAVANA, CUBA - O governo de Cuba surpreendeu o mundo em 2011 ao anunciar uma série de reformas econômicas aprovadas no Congresso do Partido Comunista Cubano, em abril. Foram cinco décadas de proibições e rígido controle do Estado para, ao longo de poucos meses, várias medidas de abertura serem anunciadas.

 

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Como escreveu na ocasião o enviado de O Estado de S. Paulo a Havana, Rodrigo Cavalheiro, "após cinco décadas de 'nãos', os cubanos recebem há meses praticamente um 'sim' por semana. Autorizações para comprar casas e carros, montar o próprio negócio, plantar e vender ao setor turístico sem passar pelo Estado são algumas das iniciativas de Raúl Castro para salvar uma economia em colapso, em que subsídios são cortados sem que o poder de compra da população aumente.

 

As mudanças sinalizam a disposição do governo de Havana em se abrir a novas parcerias comerciais - e podem levar a mudanças das políticas dos Estados Unidos e da Europa em relação à ilha, embora o tratamento com presos políticos, contrários ao regime dos irmãos Castro, ainda seja criticado internacionalmente. "Nos últimos 30 anos, nunca houve tantas detenções curtas por delitos de opinião. Há pelo menos 50 condenados em Cuba por razões estritamente políticas", escreveu Cavalheiro.

 

As medidas, contudo, não foram recebidas com muito otimismo internamente. Embora agora sejam permitidos a comprar e vender imóveis e veículos, pouco muda no cotidiano dos 11 milhões de cubanos. Para aquele que consegue com ajuda de parentes no exterior juntar US$ 10 mil – o salário médio é de US$ 18 por mês -, ainda é "mais negócio" fraudar uma doação do que formalizar a compra de uma casa e pagar imposto.

 

É mais prático, também, seguir com o carro conseguido no mercado negro do que encontrar o verdadeiro dono (décadas depois da venda original) para regularizar a transferência e pagar imposto. É mais cômodo trabalhar nos minguantes canaviais do Estado do que se meter a plantar por conta própria sem máquinas e terra boa.

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