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Retrospectiva 2018: Israel obtém sucessos diplomáticos, mas com um Netanyahu fragilizado

Em maio, Israel obteve uma de suas maiores vitórias diplomáticas dos últimos anos com a mudança da Embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém

Atualização:

JERUSALÉM - A sintonia com Donald Trump e a intensa agenda no exterior do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, promoveram o país no cenário internacional em 2018, mas a gestão da recente crise de violência em Gaza e as reiteradas denúncias de corrupção colocam o governo em risco para 2019.

"Em nome do 45.º presidente dos EUA, saudamos oficialmente, pela primeira vez, a embaixada dos Estados Unidos, aqui em Jerusalém, a capital de Israel", declarou Ivanka Foto: AP Photo/Sebastian Scheiner

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Em maio, Israel obteve uma de suas maiores vitórias diplomáticas dos últimos anos com a mudança da Embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém, uma transferência que ocorreu no dia em que o país completava 70 anos, uma ruptura do consenso internacional de não reconhecer soberanias na Cidade Santa até haver acordo de paz.

A decisão política de Trump, que colocou em xeque a hipótese de Jerusalém Oriental ser, no futuro, a capital de um Estado Palestino, alimentou a violência na Faixa de Gaza. Apenas no dia da mudança da embaixada americana, 60 palestinos morreram em confrontos com israelenses.

Guatemala e Paraguai foram os únicos países a seguir os passos de Trump na questão, mas os paraguaios voltaram atrás após a posse do novo presidente, Mario Abdo Benítez. Durante sua campaha, o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, também afirmou que pode transferir a embaixada. 

Os palestinos iniciaram em março a chamada Grande Marcha do Retorno, uma mobilização contra o bloqueio estabelecido por Israel sobre a Faixa de Gaza desde 2007, quando o grupo islamita Hamas assumiu o poder na região. Desde então, os protestos foram quase semanais e mais de 200 palestinos morreram nas manifestações ou em incidentes de violência perto do muro que divide a fronteira.

Já perto do fim deste ano, a resposta de Netanyahu ao lançamento de foguetes por parte dos palestinos dividiu a coalizão governista. O ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, do Yisrael Beitenu, anunciou a saída de seu partido do governo após semanas exigindo o início de uma nova guerra contra o Hamas.

O movimento deixou Netanyahu fragilizado, comandando uma coalizão de apenas 61 cadeiras no Knesset, o Parlamento de Israel, de 120 parlamentares. A debilidade fez surgir rumores da convocação de eleições antecipadas, negados pelo primeiro-ministro. No entanto, o estrago sobre a imagem do governo já estava feita.

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Netanyahu teve de lidar com sete escaladas de violência em Gaza, com o lançamento de foguetes por parte dos palestinos e bombardeios de resposta realizados pelo Exército de Israel.

A última delas, em 12 de novembro, começou após uma operação militar de Israel que matou sede membros do braço armado do Hamas. Um soldado israelense também perdeu a vida na ação.

Os palestinos retaliaram com o maior lançamento de foguetes em Gaza desde 2014. Um dos mísseis matou um palestino na cidade de Ashkelon e deixou dezenas de israelenses feridos. Como resposta, Netanyahu ordenou novos bombardeios sobre a região.

O Egito trabalhou durante meses para conseguir um cessar-fogo durável entre as partes, mas não houve acordo. Apesar disso, palestinos e israelenses paralisaram temporariamente as ações depois da última escalada, evitando uma operação militar de grande escala.

Netanyahu também manteve aberta uma frente no norte do país e atacou várias vezes posições do Irã na Síria, seguindo a política de impedir que tropas iranianas, aliadas do regime de Bashar Assad, se aproximem do território controlado por Israel.

No Líbano, o primeiro-ministro anunciou em dezembro o lançamento de uma operação militar para descobrir e destruir túneis escavados pelo Hezbollah em áreas que pertencem ao governo israelense.

Fora do contexto regional, Israel foi buscar a ampliação de reações com países da África ou de maioria muçulmana.

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Nenatyahu chegou a visitar Omã, vários ministros israelenses viajaram para os Emirados Árabes Unidos e outros países. Além disso, o governo discutiu a possibilidade de normalizar as relações diplomáticas com Sudão e Bahrein.

Em novembro, Idriss Déby, presidente do Chade, país de maioria muçulmana, visitou Israel e anunciou que restabelecerá relações diplomáticas com o governo de Netanyahu.

Se o ano foi bom na diplomacia, Netanyahu fecha 2018 sob a mira da Justiça. A Polícia de Israel recomendou que ele seja acusado formalmente em dois casos de corrupção, que envolveu também sua mulher e pessoas próximas da família.

O primeiro-ministro nega ter cometido qualquer crime e considera que as acusações são politicamente motivadas. / EFE

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