Reunião da oposição síria no Cairo termina em pancadaria

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Uma reunião da dividida oposição síria se transformou em pancadaria nesta terça-feira no Cairo, no Egito, o que deve desanimar os líderes ocidentais e árabes que pedem mais unidade contra o presidente Bashar al-Assad. Um grupo curdo abandonou a reunião, dando início ao tumulto e levando alguns delegados a gritar "escândalo, escândalo". Mulheres choravam enquanto homens trocavam socos, e funcionários do hotel onde a reunião acontecia se apressaram em retirar mesas e cadeiras, enquanto a confusão se espalhava. "Os curdos se retiraram porque a conferência rejeitou um item que diz que o povo curdo deve ser reconhecido", disse Abdel Aziz Othman, do Conselho Nacional Curdo. "Isso é injusto, e não vamos mais aceitar ser marginalizados." Após 16 meses de rebelião contra Assad, a dificuldade em reunir os grupos étnicos e religiosos da Síria sob uma liderança comum deve dificultar a busca da oposição por reconhecimento internacional. "Isso é muito triste. Terá implicações ruins para todas as partes. Deixará a oposição síria com uma imagem ruim e desmoralizará os manifestantes no terreno", disse o ativista Gawad al-Khatib, de 27 anos. Ao contrário do que ocorreu com outros líderes confrontados com protestos da chamada Primavera Árabe, Assad consegue se manter no poder, em parte por sua disposição de usar a força indiscriminadamente contra seus oponentes, mas também pelas divisões dentro da população, entre grupos da oposição e na comunidade internacional. A Rússia, tradicional aliada da Síria, usa seu poder de veto na Organização das Nações Unidas (ONU) para barrar qualquer tentativa de governos ocidentais e árabes de impor punições a Assad. Os Estados Unidos e potências europeias, também, demonstram pouco apetite por uma intervenção militar nos moldes da ocorrida no ano passado na Líbia. A reunião no Cairo foi organizada pela Liga Árabe, que não esconde seu apoio aos rebeldes anti-Assad. Um diplomata da entidade disse que a oposição síria muitas vezes se mostra "caótica", mas havia obtido avanços na aprovação de documentos que delineavam os princípios que devem nortear uma nova Constituição e a eventual transição. (Reportagem de Yasmine Saleh)

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