
03 de julho de 2012 | 21h33
Um grupo curdo abandonou a reunião, dando início ao tumulto e levando alguns delegados a gritar "escândalo, escândalo". Mulheres choravam enquanto homens trocavam socos, e funcionários do hotel onde a reunião acontecia se apressaram em retirar mesas e cadeiras, enquanto a confusão se espalhava.
"Os curdos se retiraram porque a conferência rejeitou um item que diz que o povo curdo deve ser reconhecido", disse Abdel Aziz Othman, do Conselho Nacional Curdo. "Isso é injusto, e não vamos mais aceitar ser marginalizados."
Após 16 meses de rebelião contra Assad, a dificuldade em reunir os grupos étnicos e religiosos da Síria sob uma liderança comum deve dificultar a busca da oposição por reconhecimento internacional.
"Isso é muito triste. Terá implicações ruins para todas as partes. Deixará a oposição síria com uma imagem ruim e desmoralizará os manifestantes no terreno", disse o ativista Gawad al-Khatib, de 27 anos.
Ao contrário do que ocorreu com outros líderes confrontados com protestos da chamada Primavera Árabe, Assad consegue se manter no poder, em parte por sua disposição de usar a força indiscriminadamente contra seus oponentes, mas também pelas divisões dentro da população, entre grupos da oposição e na comunidade internacional.
A Rússia, tradicional aliada da Síria, usa seu poder de veto na Organização das Nações Unidas (ONU) para barrar qualquer tentativa de governos ocidentais e árabes de impor punições a Assad.
Os Estados Unidos e potências europeias, também, demonstram pouco apetite por uma intervenção militar nos moldes da ocorrida no ano passado na Líbia.
A reunião no Cairo foi organizada pela Liga Árabe, que não esconde seu apoio aos rebeldes anti-Assad. Um diplomata da entidade disse que a oposição síria muitas vezes se mostra "caótica", mas havia obtido avanços na aprovação de documentos que delineavam os princípios que devem nortear uma nova Constituição e a eventual transição.
(Reportagem de Yasmine Saleh)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.