PUBLICIDADE

Reunião de emergência da Otan termina sem decisão

Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) encerrou, com novo fracasso, uma reunião destinada a superar o grave impasse decorrente do bloqueio da França, Alemanha e Bélgica ao planejamento de ações preventivas de defesa da Turquia, para o caso de esse país ser alvo de um ataque de represália do Iraque. Pela quinta vez em apenas três dias, os embaixadores dos 19 países membros suspenderam a sessão por falta de acordo, mergulhando a aliança atlântica na pior crise em 53 anos de história. França, Alemanha e Bélgica não aceitaram uma nova proposta dos EUA que reduzia o alcance da ajuda solicitada para o governo turco, pois consideram ser prematura a elaboração de uma estratégia para a guerra enquanto for possível empreender esforços para uma saída diplomática para a crise iraquiana. Os três países alegam que tais medidas iriam minar os esforços da ONU para uma solução pacífica, e querem aguardar pelo menos a apresentação do próximo relatório, na sexta-feira, do chefe dos inspetores de armas da organização, Hans Blix, ao Conselho de Segurança. "Eles não mudaram de idéia", informou o porta-voz da Otan, Yvez Brodeur. "Ainda consideram que o momento não é o adequado para a Otan tomar uma decisão." As consultas de emergência serão retomadas amanhã, adiantou Brodeur. Os EUA receberam autorização do governo turco para utilizar suas bases no lançamento de um ataque ao território iraquiano e, na semana que vem, o Parlamento turco votará resolução que permite a entrada de tropas americanas no país. A nova proposta americana à Otan se limitava a um pacote de medidas de ajuda destinadas exclusivamente à proteção da Turquia - único membro da Otan que faz fronteira com o Iraque. Elas incluiriam o envio de aviões de reconhecimento Awacs e sistemas antimísseis Patriot, bem como unidades especializadas na luta com armas biológicas e químicas. Ficariam de fora ações como o fortalecimento de bases dos EUA e a remoção, para a região do Golfo Pérsico, de tropas da Otan em missões de paz aos Bálcãs. As ações cortadas seriam definidas em negociações bilaterais. A Alemanha, por exemplo, já destinou, no mês passado, centenas de soldados para o reforço das bases americanas em seu território, uma vez que tropas dos EUA estacionadas no país estão sendo enviadas para o Golfo Pérsico. No entanto, o governo alemão reiterou hoje estar disposto a enviar ajuda militar à Turquia, entregando tanto aviões Awacs como mísseis Patriot (o país já forneceu uma remessa a Israel, que ontem concluiu o reforço de sua defesa para uma eventual guerra). Por causa da crise, o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, abandonou prematuramente uma conferência hispano-alemã, nas Ilhas Canárias, e seguiu para Paris, onde se reuniu com o chanceler Dominique de Villepin. Depois de semanas de adiamento da decisão, a Turquia invocou na segunda-feira o artigo nº 4 do tratado de fundação da organização, o qual prevê consultas para a preparação da defesa de um país membro cuja integridade territorial esteja ameaçada. Os demais 15 membros da Otan acusam Bélgica, França e Alemanha de não cumprirem o compromisso da aliança.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.