Reunião termina sem acordo no Oriente Médio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Comandos israelenses apoiados por helicópteros perseguiram e mataram neste domingo quatro supostos militantes palestinos que atravessaram a normalmente calma fronteira entre Israel e Jordânia. Enquanto isso, terminou sem um acordo de trégua uma nova reunião mediada pelo enviado especial dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Anthony Zinni. Zinni reuniu-se hoje com comandantes de segurança israelenses e palestinos numa localidade não revelada para tentar acabar com as diferenças sobre a implementação de um plano de trégua negociado no ano passado pelo diretor da CIA, George Tenet. Fontes israelenses e palestinas disseram que Zinni apresentou uma proposta para superar as diferenças entre os dois lados. As duas partes deveriam dar a resposta numa outra reunião marcada para amanhã. Nenhum detalhe sobre a proposta norte-americana foi tornado público. A missão de Zinni não tem prazo determinado, mas ele vem sendo pressionado para obter um cessar-fogo antes da reunião de cúpula da Liga Árabe, prevista para ocorrer entre os dias 27 e 28 de março em Beirute. Sem a trégua, Israel não permitirá que o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, possa participar do encontro. Espera-se que na reunião seja respaldado um plano saudita para retomar o processo de paz no Oriente Médio. O ministro palestino de Cooperação Internacional, Nabil Shaath, declarou hoje que, por enquanto, há apenas 10% de chance de Arafat comparecer à reunião em Beirute. "O presidente não assistirá à reunião se isso tiver efeitos negativos sobre a intifada ou a resistência palestina", disse Shaath. Arafat está confinado na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, desde 3 de dezembro, quando o Exército israelense cercou seu gabinete na cidade. Apesar de o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, tê-lo autorizado este mês a circular pelos territórios palestinos, ele anunciou que não pretende deixar que o líder palestino vá a Beirute. Sharon reiterou neste domingo, durante reunião semanal de ministros, que estava absolutamente descartada a possibilidade de Arafat viajar enquanto prosseguirem os atentados palestinos. O primeiro-ministro israelense também disse a seus ministros que gostaria de participar pessoalmente da reunião da Liga Árabe para expor a posição de Israel no conflito. Dificilmente Sharon seria convidado a participar da reunião, pois é profundamente desprezado pelo mundo árabe. Sharon era ministro de Defesa de Israel durante a invasão israelense ao Líbano em 1982. Apesar de o governo norte-americano estar ansioso para que Arafat vá a Beirute para ajudar a dar impulso ao plano saudita, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, declarou que não tem planos de reunir-se com o líder palestino, alegando que ele não o fez o suficiente para reduzir a violência e o terrorismo na região. Cheney fez a declaração antes do início das conversações entre palestinos e israelenses mediadas por Zinni. Cheney, que deveria reunir-se esta semana com o líder palestino no Egito, disse ter "certeza de que Arafat pode fazer muito mais do que fez até agora". A violência prosseguiu hoje no Oriente Médio em meio às negociações por uma trégua. Além dos quatro palestinos mortos na fronteira com a Jordânia, um israelense morreu quando o carro em que viajava foi atacado a tiros perto do assentamento judaico de Beit Hagai, na Cisjordânia. Um colona israelense também foi morta no norte de Ramallah durante um ataque a tiros contra um ônibus. O grupo Brigadas Mártires da Al-Aqsa, milícia armada da Fatah, facção política de Arafat, assumiu a autoria do ataque. Um policial palestino morreu por disparos do Exército de Israel em incursões na região após o ataque ao ônibus e um militar israelense ficou ferido na operação, marcada por intenso tiroteio. Na Faixa de Gaza, um palestino morreu e dois adolescentes foram feridos a tiros por israelenses na região de Karni no funeral de dois militantes palestinos. Ainda na Faixa de Gaza, perto de um assentamento judaico, soldados israelenses assassinaram três palestinos. Os militares alegam que os soldados começaram a disparar quando viram os palestinos tentando pular a cerca em torno de um grupo de colônias judaicas para supostamente instalarem uma bomba. Em outros focos de violência, militantes palestinos assassinaram dois israelenses na Cisjordânia e cinco palestinos perderam a vida nas mãos de soldados israelenses.

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