Líderes de 27 países chegaram ontem a um acordo para fornecer "ajuda militar adequada" para o Exército iraquiano e as milícias curdas enfrentarem os extremistas do Estado Islâmico (EI), mas não detalharam de que maneira será dado esse apoio.
Reunidos em Paris para uma conferência internacional sobre como enfrentar a ameaça do EI, os chefes de Estado e ministros não decidiram o que será feito na Síria, onde os jihadistas combatem tanto as forças de Bashar Assad quanto os rebeldes que querem o fim do regime sírio.
A reunião contou com a presença dos cinco países-membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo a Rússia, e dez países árabes, como a Arábia Saudita e o Catar.
O Iraque lamentou a ausência do Irã, importante aliado de Bagdá, que não foi convidado por pressão de árabes e nações dos Emirados Árabes Unidos. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse ontem que rejeitou pessoalmente um convite dos EUA para conversar sobre a luta contra o EI.
O presidente francês, François Hollande, destacou que o encontro era "uma etapa" para afinar a estratégia internacional contra o radicais. Hollande destacou que "não há tempo a perder". O presidente iraquiano, Fuad Massum, também presidiu a conferência e defendeu a manutenção dos ataques aéreos no Iraque, iniciados em 8 de agosto pelos americanos. Ontem, a França realizou os primeiros voos de reconhecimento sobre o território iraquiano.
Ao final de três horas de discussões, um comunicado indicou que "os participantes se comprometeram a apoiar, pelos meios necessários, o novo governo iraquiano em sua luta contra o Daesh" - referindo-se ao EI pela sigla em árabe. O texto ressalta que o auxílio vai atender às "necessidades exprimidas pelas autoridades iraquianas, em respeito ao direito internacional e à segurança das populações civis".
Os países ainda se comprometeram a reforçar a segurança nas fronteiras e receberam "com satisfação" a perspectiva de lançar um plano de ação para lutar contra o financiamento do terrorismo - um ponto delicado para a França, criticada pelos americanos e britânicos por supostamente pagar resgates milionários para a libertação dos reféns franceses, o que Paris nega.
As divergências sobre a atuação na Síria, que atualmente tem cerca de 25% do território controlado pelos extremistas, ficaram claras - o país não foi citado no documento divulgado ontem. Os EUA já anunciaram a intenção de realizar ataques aéreos contra alvos do EI na Síria, à revelia de Assad. A maioria dos países árabes se opõe à operação, assim como a Rússia, fiel aliada do regime sírio. A França defende o reforço da ajuda militar aos insurgentes moderados.