
15 de maio de 2014 | 02h07
Em outubro, o principal partido de oposição do país entregou petição ao governo exigindo que fossem investigadas as condições da mina, mas o pedido foi rejeitado 20 dias antes do acidente. "Ocorrem acidentes com mortos e feridos a cada três meses em Soma", disse Ozgur Ozel, vereador da cidade e membro do Partido Republicano do Povo, de oposição. "Como membros do Legislativo de Manisa estamos fartos de participar de funerais de mineiros. Nem nós nem as famílias conseguem mais aguentar essa dor." Depois de a petição ser recusada, Ozel voltou a manifestar sua preocupação perante a Assembleia Nacional da Turquia no dia 30. Afirmou que em dez inspeções para verificação da segurança da mina, 66 infrações foram anotadas, mas nenhuma multa foi imposta.
A Turquia é conhecida há muito tempo pelo descaso com a segurança. As autoridades do país com frequência referem-se a esses acidentes como sacrifícios inevitáveis que fazem parte de um trabalho difícil. Em 2010, depois que 28 mineiros morreram em uma mina perto de Zonguldak, na costa do Mar Negro, o premiê Recep Erdogan afirmou que tais mortes eram parte do "destino" da comunidade mineira. "As pessoas da região estão acostumadas a acidentes como esse" declarou ele num discurso diante da mina. "Os trabalhadores dessa profissão sabem que esses acidentes podem ocorrer." Seus comentários desencadearam protestos na cidade. Independentemente da sua resposta à última tragédia, é quase inevitável que o acidente seja debatido na classe política.
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