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Revista acusa Sarkozy de oferecer anistia a Chirac

Acordo com candidato francês permitiria que presidente da França, em final de mandato, não fosse investigado por suspeita de escândalos políticos

Por Agencia Estado
Atualização:

O semanário Le Canard Enchainé afirmou que, segundo pessoas próximas de Jaques Chirac, o direitista Nicolas Sarkozy planejava, se eleito, aprovar uma "anistia disfarçada" a fim de poupar o atual presidente francês, em final de mandato, de ser investigado por suspeita de corrupção. Sarkozy, que lidera a corrida presidencial na França, rebateu nesta quarta-feira, 11, a informação de que tivesse realizado este tipo de acordo com Chirac Segundo o semanário, Sarkozy havia firmado um acordo nesses termos em troca do apoio do atual presidente à campanha dele. Os investigadores desejam conversar com Chirac sobre esquemas de empregos falsos na prefeitura e de contratos públicos usados para custear os conservadores e outros partidos durante os 18 anos em que estiveram no controle da capital francesa. Segundo o Le Canard Enchainé, Sarkozy concederia a anistia mudando uma lei e obrigando os juízes investigadores a apresentarem uma acusação formal em no máximo dez anos depois de terem iniciado um caso. A medida poderia ser justificada facilmente porque a Corte Européia de Direitos Humanos já criticou a França várias vezes devido à demora na apresentação de acusações formais, disse a publicação. A manobra ainda suspenderia as investigações dirigidas contra Charles Pasqua, um aliado de Sarkozy e também ex-ministro do Interior, e uma eventual e futura investigação sobre um negócio imobiliário realizado pelo candidato conservador, acrescentou. No mês passado, a publicação divulgou que Sarkozy havia obtido um desconto de ao menos 300 mil euros (402.800 dólares) quando comprou um apartamento de uma construtora em 1997. O candidato afirma ter pagado o valor de mercado e nega qualquer irregularidade. Resposta Questionado por jornalistas, Sarkozy, o ex-ministro do Interior francês, afirmou que a matéria "não se baseia em nenhum fato real". "Eu a contesto firme e completamente". Uma autoridade do gabinete de Chirac disse que as acusações são "totalmente infundadas e, como tais, não merecem comentário". Em maio, quando deixará o cargo de presidente após 12 anos no poder, Chirac perde a imunidade responsável por livrá-lo de responder a um interrogatório devido a vários escândalos vindos da época em que foi prefeito de Paris. Liderando as pesquisas de intenção de votos há três meses, Sarkozy recebeu o apoio de Chirac no mês passado. Já o candidato centrista, François Bayrou, disse que, caso seja eleito, fará todo o possível para garantir a imparcialidade do sistema judicial. "Esse hábito de fazer as coisas por debaixo dos panos, por meio de acordos secretos, é exatamente o contrário do que desejo", afirmou a repórteres.

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