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Revista que publicou caricaturas de Maomé é absolvida

O Islã desaprovou desenhos publicados na França e pediu recurso na Justiça

Por Agencia Estado
Atualização:

O Tribunal Correcional de Paris absolveu nesta quinta-feira, 22, a revista satírica e laica francesa Charlie Hebdo do crime de injúria com base religiosa por ter publicado três caricaturas de Maomé, em fevereiro de 2006. O tribunal considerou que as três caricaturas publicadas não constituíam crime de injúria, do que a revista era acusada por duas organizações muçulmanas. Uma das charges mostrava Maomé com um turbante do qual saía o pavio de uma bomba, o outro tinha o profeta pedindo aos terroristas que não se suicidassem, porque não havia mais virgens no paraíso, e no terceiro aparecia o profeta lamentando por ser "amado por tolos". As duas primeiras caricaturas foram publicadas antes no jornal dinamarquês Jyllands-Posten, em setembro de 2005, enquanto a terceira foi obra do francês "Cabu", chargista da "Charlie Hebdo". A sentença está de acordo com a requisição da Procuradoria, que em 28 de fevereiro pediu a absolvição do diretor da "Charlie Hebdo", Philippe Val, ao considerar que a publicação dessas caricaturas estava dentro do direito à liberdade de expressão e não atacavam o Islã, mas os fundamentalistas. A defesa de Val, que também tinha pedido a absolvição, afirmou que nunca houve intenção de ferir ninguém, e ressaltou que a França é um país laico onde a liberdade de expressão é fundamental. No entanto, as entidades muçulmanas litigantes - a União de Organizações Islâmicas da França (UOIF) e a Grande Mesquita de Paris - não estavam de acordo com essa leitura. Por isso, pediram que fosse reconhecido o crime de injúria com base religiosa, com punição de até seis meses de prisão e multa. A sentença é uma das primeiras na Europa a tratar diretamente a polêmica surgida após a publicação das caricaturas de Maomé inicialmente na Dinamarca. Texto ampliado às 11:41

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