
13 de maio de 2018 | 05h00
FRANKFURT - A independência e a autonomia da juventude são um marco de 1968. Até os protestos contra a Guerra do Vietnã, a Primavera de Praga, e Maio de 68 os jovens viviam sujeitos aos valores da família patriarcal. Para eles, lutar por liberdades individuais era mais importante do que a revolução política. O papel da juventude nas revoltas dos anos 60 é tema central para pesquisadores que estudam o movimento.
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Para Isabelle Sommier, autora de A Violência Revolucionária e A França Rebelde, os protestos foram a liberação da voz da juventude. “Maio de 68 foi a rebelião de uma fração da juventude e marca a chegada dos jovens como atores sociais que se mobilizam e agem para transformar a sociedade”, diz. “Isso se explica pela massificação do ensino superior e pela emergência de uma nova consciência da juventude, que se dá conta, através da música, do cinema, de seus ídolos, que forma um conjunto.”
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Marcado por contradições, como defender a liberdade e ter como ícones regimes autoritários de Cuba e China, Maio de 68 também teve no comportamento da juventude um paradoxo. Os jovens que se rebelavam denunciavam a “sociedade do consumo”, mas eram frutos da nova sociedade do pós-guerra, cada vez mais urbana e burguesa, marcada pela cultura pop e pelos meios de comunicação de massa. “O que tornou possível o movimento foi a cultura de massa, que favorecia a circulação das ideias”, diz Isabelle.
Membro dos grupos da Universidade de Nanterre, que iniciaram a revolta, Serge July tinha 25 anos quando o movimento eclodiu. Cinco anos depois, fundou ao lado de intelectuais como Jean-Paul Sartre o Libération, jornal que dirigiu por 30 anos. Ainda hoje, o diário exprime o espírito de 68. “Era um movimento de forte conotação cultural da juventude, muito mais do que qualquer conotação política”, diz July.
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