Rice propõe criação de força internacional no Líbano

O plano foi apresentado a autoridades libanesas e será discutido no encontro em Roma sobre o Oriente Médio

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Por Agencia Estado
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A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, concluiu nesta terça-feira sua visita de dois dias a Israel e à Autoridade Nacional Palestina (ANP). Além de reiterar a necessidade de se obter um cessar-fogo permanente na região, Rice também pediu que os governos aliviem as condições humanitárias de civis libaneses e palestinos e apresentou um plano para a disposição de uma força militar internacional no sul do Líbano. Apesar das conversas, a secretária deixou a região sem dar sinais de que as campanhas militares de Israel no Líbano e na Faixa de Gaza se encerrarão em breve. Durante sua reunião com o governo israelense, a secretária americana apresentou uma proposta para a criação de forças militares internacionais no Líbano. O plano foi apresentado também a membros do governo de Beirute na segunda-feira. Segundo fontes libanesas, o plano de Rice incluiria duas forças militares internacionais para ajudar o governo libanês a estabilizar a região sul do país. O plano envolveria inicialmente a disposição de 10 mil soldados turcos e egípcios no sul do Líbano, sob o comando da OTAN ou da ONU. Os soldados seriam então substituídos por uma outra força, com até 30 mil militares, que ajudaria o governo libanês e recuperar o controle da região. Para que tal plano possa ser desenvolvido, no entanto, o Hezbollah deve aceitar a presença estrangeira na região ou ser derrotado. A proposta de criação das forças multinacionais será apresentada a nações européias na semana que vem em um encontro em Roma sobre o Oriente Médio. No evento, estão previstas a participação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan; de delegações de vários Estados do Oriente Médio, incluído o próprio Líbano, e de delegações ministeriais de Espanha, Alemanha, Rússia, Canadá e Turquia. As nações árabes querem um cessar-fogo imediato na região antes que o plano seja negociado, mas Israel não pretende encerrar sua ofensiva até que os soldados israelenses capturados sejam libertados e o Hezbollah seja deslocado para o lado norte da fronteira. Cessar-fogo Em seu encontro com Olmert, Rice defendeu um cessar-fogo "duradouro e sustentável". Contudo, o premier israelense afirmou, logo após a reunião, que continuará a ofensiva contra o Hezbollah. "Não hesitaremos em tomar medidas mais severas contra aqueles que lançam centenas de foguetes e mísseis contra civis inocentes com o único propósito de matá-los", disse Olmert. Rice obteve, no entanto, a promessa do premier israelense Ehud Olmert de que Israel irá permitir o envio de ajuda humanitária ao Líbano, incluindo o Aeroporto Internacional de Beirute, onde as estradas de acesso foram bombardeadas por Israel. Durante sua visita, a americana também disse ao presidente palestino Mahmoud Abbas que irá pedir que as restrições de acesso na fronteira com Israel sejam aliviadas. Rice também discutiu a libertação do soldado israelense capturado no dia 25 de junho por milícias ligadas ao Hamas. O líder palestino afirmou que continua tentando obter a libertação do soldado Gilad Shalit, mas disse que "Israel deve parar de agredir o povo palestino". A secretária de Estado assegurou que os Estados Unidos não se esqueceram do povo palestino e que seu país "continuará prestando ajuda humanitária". No entanto, foi evasiva em relação ao pedido de Abbas para um cessar-fogo imediato de Israel. Protestos A visita de Rice foi marcada por protestos de diversos grupos palestinos, que decidiram nesta terça-feira convocar uma greve geral em Ramallah para protestar contra sua presença na região. Além disso, cerca de cem mulheres palestinas tentaram burlar as estritas medidas de segurança impostas pelas forças policiais da ANP para protestar em frente à sede do governo contra a visita da secretária de Estado.

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