21 de agosto de 2009 | 11h16
"Segundo dados da minha campanha, eu estou na liderança", disse Abdullah. Ele se disse preparado para disputar o segundo turno se nem ele ou Karzai obtiverem mais que 50% dos votos. Sua campanha afirmou que investiga denúncias de fraudes nas províncias do sul afegão, onde a expectativa é de que Karzai tenha recebido um alto número de votos. Funcionários eleitorais teriam impedido que monitores inspecionassem as urnas com votos de papel.
Em Cabul, a equipe de Karzai afirmou que o presidente conquistou mais de 50% dos votos, um resultado que eliminaria a necessidade de um segundo turno. "Nós acreditamos que conquistamos mais de 50%", disse Seddiq Seddiqi, porta-voz da campanha do atual presidente. As pesquisas divulgadas antes das eleições indicavam que Karzai tinha 44% das intenções de voto e Abdullah, 28%.
A contagem voto a voto nas províncias foi concluída, mas agora as urnas foram enviadas a Cabul, segundo informaram autoridades eleitorais. Daoud Ali Najafi, chefe do escritório eleitoral, disse que os primeiros resultados só serão tornados públicos na terça-feira. Sem dar prazos, uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos, Fleur Cowan, afirmou apenas que a Comissão Eleitoral Independente pode anunciar resultados oficiais. "Tudo o mais é especulação neste momento."
O funcionário eleitoral graduado Zekria Barakzai afirmou estimar que entre 40% e 50% dos 15 milhões de eleitores registrados do país compareceram às urnas - resultado bem inferior aos 70% que votaram em 2004. O baixo comparecimento entre os afegãos da etnia pashtum, que forma entre 36% e 46% da população, poderá prejudicar Karzai e dar impulso a Abdullah, cujo apoio é forte entre os tajiques, que formam entre 27% e 39% da população.
Fraudes
Um repórter do jornal "Times", de Londres, afirmou hoje que funcionários eleitorais em uma sessão perto de Cabul contaram 5.530 votos na primeira hora da eleição na quinta-feira, mesmo que nenhum eleitor estivesse no local quando o repórter chegou à sessão, às 8 horas da manhã. Trabalhadores eleitorais disseram que a área é controlada por um parlamentar que afirmou ter votado por Karzai, mesmo que seu dedo não estivesse marcado por uma tinta preta, uma medida de prevenção contra fraudes, afirmou o "Times".
Observadores internacionais previam que a segunda eleição presidencial do país direta seria imperfeita, mas expressaram esperança de que os afegãos aceitariam o resultado legítimo. O próximo presidente terá uma agenda cheia de crises: a crescente insurgência do Taleban, a corrupção, a miséria da maioria da população e uma enorme indústria ilegal do narcotráfico de ópio e heroína.
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