Robinson critica campanha dos EUA no Afeganistão

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Por Agencia Estado
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A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Mary Robinson, fez, nesta sexta-feira, duras críticas à campanha dos Estados Unidos no Afeganistão e alertou que a luta contra o terrorismo não pode significar a violação de direitos humanos. "Os cidadãos afegãos estão sendo as vítimas diretas da estratégia militar dos Estados Unidos", afirmou Mary Robinson. Na avaliação da Alta Comissária, a situação humanitária piorou, significativamente, desde que os Estados Unidos começaram a atacar o Afeganistão. "Os direitos humanos precisam ser tomados como prioridade, e estou preocupada com o número de mortes entre os civis", disse. Nesta sexta, a ONU anunciou que 177 pessoas - a maioria crianças -, morreram de fome e frio em um campo de refugiados perto de Kunduz, na última semana. Segundo Mary Robinson, as mortes podem começar a aumentar nos próximos meses, já que cerca de 1 milhão de crianças estarão vulneráveis, durante o período do inverno no Afeganistão. Outro fato que preocupa a ONU é a possibilidade de que vários direitos civis sejam suspensos nos Estados Unidos, sob o pretexto de busca e investigação de supostos terroristas, no próprio território norte-americano. "Entendo que Washington deva buscar os culpados pelos atentados, mas os direitos dos cidadãos não podem ser violados", afirmou. Ela teme que o julgamento dos supostos terroristas não seja conduzido de forma justa e que as detenções ocorram de forma arbitrária. Mas não é apenas nos Estados Unidos que as violações dos direitos humanos podem ocorrer. A Comissão Européia está preparando uma nova legislação, que classificará todo o ato de distúrbio, mesmo manifestações, como terrorismo, punido com as penas mais severas. A ONU debate a criação de uma comissão de inquérito para avaliar as violações dos direitos humanos no Afeganistão pelos diversos grupos do país que lutaram tanto ao lado do Taleban como contra o regime. "Não podemos deixar que crimes fiquem sem uma punição", afirmou Mary Robinson. Ela defende que os líderes de grupos afegãos que tenham praticado violência contra civis fiquem fora do novo governo que será formado no dia 22, em Cabul. Leia o especial

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