Robinson defende presença de monitores em territórios ocupados

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Por Agencia Estado
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A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Mary Robinson, disse nesta terça-feira que monitores internacionais deviam ser imediatamente enviados aos territórios palestinos ocupados por Israel a fim de conter a violência e violações dos direitos humanos. Falando de uma "espiral de violência e arbitrária privação da vida que têm de terminar", Robinson afirmou na Comissão de Direitos Humanos da ONU que observadores internacionais poderiam desestimular os dois lados a cometerem abusos. "Digo simplesmente a vocês, mas com toda minha força, peço que tenham consciência", disse Robinson. Numa série de discursos, representantes de países árabes condenaram hoje as ações de Israel. "O comportamento de Israel é um tapa na cara de todos que trabalham pela paz no Oriente Médio. As violações dos direitos humanos não têm precedente na história e pode apenas significar que Israel não reconhece o direito à vida", opinou o embaixador do Catar, Fahad Awaida al-Thani. A Anistia Internacional afirmou que os palestinos "desrespeitaram em várias ocasiões princípios fundamentais da lei humanitária internacional", mas o grupo de direitos humanos considerou que isto não justificava as ações das autoridades israelenses. "As forças de Israel têm promovido consistentemente assassinatos quando vidas (israelenses) não estão em risco", disse a porta-voz da Anistia, Melinda Ching. "O fracasso das autoridades israelenses de promover investigações apropriadas de assassinatos ilegais envia a mensagem de que a vida palestina é barata", acrescentou. A Anistia Internacional denunciou "as violações dos direitos humanos e desrespeitos à convenção de Genebra cometidos a cada dia, a cada hora, por Israel". O embaixador israelense Yaakov Levy argumentou que seu país é vítima de terrorismo. "Vários oradores têm tentado traçar uma distinção entre dois tipos de terrorismo, um que eles condenam e outro que eles desculpam sob o pretexto da ´resistência´, que eles definem como legítimo", disse. "Tal distinção é moralmente falha e não tem qualquer base legal". Dirigindo-se diretamente a Robinson, ele afirmou que ela deixou de considerar o lado do povo de Israel antes de fazer seu discurso. "Se você tivesse ouvido esse povo, sua apresentação teria sido muito mais balanceada e teria dado o contexto adequado para qualquer ação que Israel tem de tomar", acrescentou. O órgão dos direitos humanos da ONU, composto por 53 nações, é dominado por países em desenvolvimento, regularmente aprova resoluções criticando as ações de Israel, mas faz poucas menções aos abusos palestinos. A situação no Oriente Médio é considerada sob um item especial na agenda da comissão e Israel é o único membro das NaçõesUnidas que é impedido de ser um integrante da comissão. Partidários de Israel acusam a comissão de ser tendenciosa. O embaixador dos EUA, Kevin Moley, disse que tem havido violações dos direitos humanos dos dois lados no conflito e que a comissão não deveria "jogar toda a culpa em Israel". "Resoluções não balanceadas e polêmicas de órgãos internacionais como este podem inflamar a opinião pública e tornar mais difícil restaurar a confiança e aproximar os dois lados", argumentou. Diplomatas afirmam que a resolução que está sendo proposta este ano por defensores dos palestinos é tão forte que os oito membros da União Européia que pertencem à comissão deverão votar contra ela. No ano passado, apenas os Estados Unidos e a Guatemala votaram contra a resolução, que passou com 28 votos a 2, com a abstenção da União Européia. Neste ano, o status dos EUA na comissão é de observador sem direito a voto.

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