Rota de tráfico Brasil-Guiné Bissau cresce, diz estudo

Traficantes brasileiros preferem enviar a cocaína destinada à África do Sul para aeroportos pouco seguros em Angola ou Moçambique

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O tráfico de drogas para a Europa vem sendo cada vez mais abastecido por um "corredor lusófono transatlântico" formado pelo Brasil e as ex-colônias portuguesas na África. O alerta foi dado em um relatório da consultoria britânica de segurança Jane?s Foreign Report. Segundo o documento, a droga proveniente da América do Sul é transportada para o continente europeu cada vez mais via países lusófonos como Guiné Bissau e Cabo Verde, ao passo que Angola e Moçambique servem de passagem para o tráfico destinado à África do Sul. Na rota que leva à Europa - sobretudo para Portugal - o corredor lusófono vem se somar a outra rota de tráfico já tradicional no oeste africano, envolvendo os países da Baía do Benin (Nigéria, Gana, Togo e o próprio Benin), aponta o relatório. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC, sigla em inglês), 75% das apreensões de cocaína e metade das apreensões de heroína feitas na África ocorrem entre a Nigéria e a Mauritânia, ou seja, nos países que compõem as duas rotas de tráfico apontadas pelo estudo. Guiné Bissau Para os analistas britânicos, a apreensão de 674 quilos de cocaína realizados no fim do mês passado na Guiné Bissau - a maior da sua história - aponta que o país pode estar "no centro" do corredor lusófono da droga. "Guiné Bissau é um ambiente particularmente oportuno para traficantes por causa de sua localização em relação à Europa e a América do Sul, sua falta de capacidade de policiamento, e suas conexões lingüísticas com o Brasil, Portugal e Cabo Verde", disseram os autores do relatório. O documento afirmou ainda que "as autoridades policiais européias estão particularmente preocupadas com Cabo Verde, onde várias remessas de cocaína, em grandes e pequenas quantidades, foram apreendidas". "Graças a conexões aéreas e marítimas, a ilha parece operar como uma escala entre três destinos: o fornecedor (a parte norte do Brasil), o mercado (Portugal/Europa) e o ?armazém? (Guiné-Bissau)." "Com o rápido desenvolvimento do turismo e as conexões financeiras históricas com comunidades de imigrantes nos Estados Unidos, Cabo Verde é também um ambiente ideal para lavagem de dinheiro." As mesmas conexões lusófonas podem ser vistas no hemisfério sul, cujo destino final da droga que passa pelo Brasil é a África do Sul, afirma o relatório. "Traficantes brasileiros preferem enviar a cocaína destinada à África do Sul para aeroportos pouco seguros em Angola ou Moçambique, através de ´mulas´ africanas, antes de transportá-la por via terrestre para seu destino final", disseram os autores do relatório. O documento afirma também que Guiné Bissau e a ilha de Cabo Verde têm sido cada vez mais utilizadas no transporte de imigrantes ilegais que tentam chegar à Europa pelas ilhas Canárias espanholas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.