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Rove quis vetar indicação de Cheney como vice

Livro que será lançado hoje nos EUA conta bastidores dos 7 anos do governo de Bush

Por WPOST E AFP
Atualização:

Washington - Karl Rove, principal assessor político da Casa Branca, aconselhou o presidente americano, George W. Bush, em 2000, a não aceitar a indicação de Dick Cheney como vice-presidente. Detalhes sobre a atuação de Rove durante o governo Bush estão no livro Dead Certain: The Presidency of George Bush, do jornalista Robert Draper, que será lançado hoje nos EUA. "A escolha do guru de política externa do pai (George H. Bush) foi contrária ao que sugeri", teria dito Rove, de acordo com o livro. "Mas Bush não se importou. Ele não viu nada de mais em dar ao vice-presidente poderes sem precedentes", contou Draper, que é correspondente da revista GQ. Para escrever o livro, o jornalista recebeu ajuda de peso da Casa Branca. O trabalho, que rendeu mais de 400 notas de rodapé, é resultado de uma série de entrevistas com Bush, Rove, Cheney, com a primeira-dama Laura Bush e com vários funcionários do governo. Rove, considerado o braço direito de Bush e maior arquiteto de suas duas campanhas vitoriosas à presidente, também foi contra a indicação de Harriet Miers para a Suprema Corte americana. Quando Rove sugeriu o veto ao nome de Miers, Bush impôs a indicação de sua amiga pessoal aos berros. De acordo o livro, Rove teria jurado ao presidente que não sabia do vazamento da identidade secreta da ex-agente da CIA Valerie Plame, escândalo do qual ainda é acusado de ser o mentor. "Quando Bush ficou sabendo pela imprensa do envolvimento de Rove, ficou furioso", afirmou Draper no livro. Outro momento inusitado de Dead Certain é a reunião que definiu a demissão do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, em dezembro de 2006. Alguns meses antes, Bush promoveu uma enquete entre seus principais colaboradores. Em reunião a portas fechadas, sete pessoas, entre elas a secretária de Estado Condoleezza Rice, votaram pela saída de Rumsfeld. Outros quatro, entre eles Rove e o próprio Bush, votaram pela permanência de Rumsfeld, que acabou demitido pouco depois. Draper disse ainda que Bush pensou bastante antes de conceder depoimentos para o livro. Ao todo, foram seis entrevistas com o presidente. Em uma delas, falando sobre sua aposentadoria, Bush revelou ter planos de montar um instituto para difundir a liberdade e pretende viver de palestras, como o ex-presidente Bill Clinton. Contudo, Bush citou o próprio Clinton para dizer o que não pretende fazer depois de deixar a Casa Branca. Bush e Clinton cruzaram-se no prédio das Nações Unidas, no ano passado. Ao ver o ex-presidente, Bush disse: "Daqui a sete anos, com certeza você não me verá perambulando por esses corredores."

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